Faço parte de uma geração de selfies. Em que alinhar a camera do telemóvel com a luz da casa de banho, inclinando a cabeça no melhor angulo que temos e estendendo os lábios na famosa pose de “duck face”, é algo familiar à maior parte de nós. Não precisamos da ajuda de ninguém ou de um contrato profissional, somos modelos, fotógrafos, editores do trabalho e somos pagos em elogios.
O Facebook, em que mudamos a fotografia de perfil de vez em quando, já não nos consegue acompanhar. Agora é o Instagram, que nos incentiva a publicar mais do que uma foto por dia com descrições inteligentes e engraçadas, mas a maior novidade de todas, é mesmo o Snapchat. Sabes aquelas pessoas que nos punham constantemente a par do que se estava a passar nas suas vidas de minuto a minuto no Facebook? Se alguma vez sentires a falta de alguma, não te preocupes, só tens que criar uma conta no Snap e garanto-te que vais encontrá-la. Tens filtros, mensagens e 24 horas de orelhas de cão.
É o tempo das novas Kardashians, que de repente cresceram e nos apanharam de surpresa, até a nós, que somos da idade delas ou mais novos. A Kendall tornou-se uma modelo mundialmente requisitada e a Kylie criou uma linha inteira de maquilhagem que vende como se cada produto fosse o último copo de água no deserto.
Os adolescentes de agora, desejam acima de tudo visibilidade, de parecer bem num estado inflamado, desejando a aprovação de todos, tanto dos conhecidos como dos estranhos.
Mas não penso que a vaidade seja equivalente a insanidade e a verdade é que de todos os pecados, é aquele que está mais na moda.
Se estão preocupados com a quantidade de tempo que a vossa filha fica à frente do espelho a colocar maquilhagem ou o vosso filho a arranjar o cabelo, relaxem, não é preciso. Eles não são inseguros ou narcisistas. São elementos normais de um tempo diferente. Nós gostamos de mudar de penteado de mês a mês, de seguir as tendências mais recentes (género chocker à volta do pescoço ou como a minha mãe lhes chama, “as coleiras”), de atualizar as nossas redes sociais todos os dias e partilhar um snap, sempre que acordamos com boa cara.
É a juventude do iPhone mais recente e dos ténis Adidas. Dos jantares no sushi e das conversas de café com um copo de Somersbsy na mão. Dos micro-car e motas estacionadas à porta de casa de um amigo. Dos biquínis com folhos coloridos ou fatos de banho quitados. De localizações no Instagram e fotografias de catálogo. De corpos perfeitos e chapéus virados ao contrário.
Estamos sempre a fazer coisas e a querer partilhar o que fazemos. Somos pecadores na nossa inocência de querer parecer.
O único perigo real aqui é nos perdermos de quem somos e nos tornarmos apenas naquilo que queremos que os outros vejam. Creio que não existe nada mais precioso que a privacidade e a individualidade. Não deixes as aparências arruinarem a tua verdade. Pinta o cabelo, guia com óculos de sol na cara e veste-te como um modelo. E por de trás de toda a superficialidade, orgulha-te do quanto alguém ainda tem que mergulhar bem fundo até realmente te conhecer.
Somos uma geração vaidosa? Sim, somos. Mas tal como o meu amigo (quem me dera que fosse!) Al Pacino diz, “Vaidade…definitivamente o meu pecado favorito”.