Cada vez mais as empresas nacionais debatem-se com incrementos significativos nos seus custos energéticos, o que as obriga a estarem mais atentas a esta temática, procurando ser mais eficientes na gestão da energia que consomem.
A implementação de medidas de redução de consumo (as chamadas medidas de eficiência energética) é, por isso, o primeiro passo para uma racionalização energética efetiva, baseado na máxima de que a energia mais barata é a que não se consome.
Existindo importantes margens de melhoria a este nível (em alguns casos conseguem-se otimizações da ordem dos 20 – 30% para o mesmo nível de atividade) há, contudo, limites que dificilmente conseguem ser ultrapassados.
Atingido este patamar a produção de energia para consumo próprio pode ser uma excelente solução para complementar as medidas de eficiência energética implementadas, tendo em conta que atua diretamente na fatura de energia elétrica, potenciando reduções significativas no seu valor.
Esta realidade é ainda mais expressiva se tivermos em conta que a energia elétrica produzida através da tecnologia fotovoltaica incide essencialmente nos períodos tarifários denominados de horas de ponta e cheias, substancialmente mais onerosas que as horas de vazio e super-vazio (período noturno).
Assim, nas zonas com maior incidência solar do nosso país, Estremadura, Alentejo e Algarve, instalações com uma potência superior a 400 kW permitem facilmente aos empresários obter reduções na fatura energética das suas empresas da ordem dos 15 a 20%.
Por outras palavras, complementarmente à redução de custos pela via da eficiência energética, a instalação de uma unidade fotovoltaica para autoconsumo (UPAC) poderá perfeitamente significar no final do dia uma fatura de eletricidade em cerca de 35 a 50% inferior ao cenário de partida, naturalmente dependendo do perfil de consumo e tarifas de cada situação específica.
Para que a realidade seja aderente com a expetativa, é absolutamente essencial olhar para 3 aspetos:
- Efetuar um bom dimensionamento da instalação, evitando-se produção excessiva cujo destino é a rede elétrica (os chamados excedentes, habitualmente mal remunerados)
- Exigir qualidade técnica à implementação da unidade, de forma a assegurar um desempenho em linha com o rácio de performance projetado. Implementar um plano de manutenção e de operação adequado e que garanta a robustez do desempenho da instalação a médio e longo prazo.
- Nesse sentido, a escolha de empresas sólidas, com competência técnicas e trabalho comprovado no sector e que garantam um acompanhamento adequado ao longo da vida útil do projeto é uma acção natural de boa gestão e de sensatez, absolutamente recomendável no momento da decisão de investir.
O Plano Nacional integrado Energia Clima (PNEC) 2030, como instrumento nacional das políticas definidas em Bruxelas, veio definitivamente impor metas extremamente ambiciosas na transição da nossa economia para a neutralidade carbónica, nomeadamente com a definição do objetivo de 47% do total de energia produzida com base renovável, subindo esse valor para 80% quando falamos em energia elétrica.
A produção de energia renovável, descentralizada é uma das linhas de atuação mais acarinhadas pelo poder político e que, por isso, mais contribuirá para o alcance dos objetivos referidos, complementando-se as versões tradicionais de unidades de produção de autoconsumo associadas a pontos de consumo com modelos de comunidades locais de energia, agregadores de energia, entre outros.
Assim, o futuro está aí à porta, com mais oportunidades, mais eficiente, mais verde, mais saudável. Cada um terá apenas a responsabilidade de fazer pelo menos a sua parte, em consciência e com consciência.
*Diretor Geral da Sotecnisol Power & Water