De um dia para o outro, o mundo mudou, Portugal confinou e um milhão de casas tiveram de disponibilizar espaços de trabalho (e também salas de aulas e ginásios!) e de prepararem-se para acomodar os seus habitantes, e muitas vezes outros familiares, 24 horas por dia e 7 dias por semana.
Segundo os resultados divulgados recentemente pelo Instituto Nacional de Estatística acerca do Inquérito ao Emprego sobre o tema “Trabalho a partir de casa”, perto de 1,1 milhões de pessoas trabalharam em casa, sempre ou quase sempre, durante o 2º trimestre de 2020. E deste grupo, 998.500 (91,2%) indicaram como principal e única razão a pandemia COVID-19.
Passados quatro meses desde o início do confinamento, todos estamos conscientes que vivemos o início de um duradouro novo normal, e não apenas um momento passageiro após o que tudo voltará ao que era. Em tempo record, criaram-se novas formas de trabalhar, de comunicar, de vender, de aprender, de ensinar. Instalaram-se novas práticas sanitárias, novas relações sociais e novos métodos laborais, enquanto a exigência da mais e melhor conetividade digital não para de crescer.
As casas passaram a estar no centro de todos os minutos das nossas vidas e com esta nova realidade surgem novos requisitos de habitação. Os testemunhos de 10 das principais redes de mediação imobiliária recolhidos pelo Idealista em julho, e revelados no artigo “Que casas se procuram em Portugal em tempos de COVID-19?”, são uma primeira definição do que pretendemos no presente e no futuro: espaços de habitação, trabalho e lazer com áreas mais amplas, varandas e jardins, e em zonas de baixa densidade populacional. A estes requisitos juntam-se ainda exigências de eficiência energética, segurança, proteção do investimento e respetivo potencial de rendibilidade.
Gonçalo Byrne, Presidente da Ordem dos Arquitetos, declarou à Lusa que a pandemia terá um impacto na arquitetura, afastando as pessoas de “casas muito pequenas, pouco arejadas e sem varandas”. Chris Marlin, Presidente da Lennar International, uma divisão do maior grupo de construção residencial dos Estados Unidos, num artigo para o World Economic Forum, afirma que a COVID-19 produzirá mudanças profundas no desenho das habitações incluindo, provavelmente, espaços aconchegantes para complementar as salas de estar, mais segurança e conforto, melhor isolamento interno para permitir locais mais silenciosos, varandas protegidas e espaços ao ar livre.
Não surpreende, portanto, que na hora de comprar casa cada vez mais portugueses vejam os resorts como uma opção de habitação permanente e não só como destino de férias. E dezenas de empreendimentos turísticos e residenciais estão em sintonia com as aspirações dos novos compradores em tempos de pós-pandemia. Só falta decidir qual a casa ideal para instalar o seu escritório.