Para marcar a chegada aos 30 anos, a VISÃO lança a rubrica multimédia “Ideias com VISÃO”. Serão 30 semanas, 30 visionários, 30 ideias para fazer agora. Da ciência à saúde, das artes ao humor, das empresas ao ambiente, figuras de referência nas mais variadas áreas darão os seus contributos para pensar um Portugal melhor. Semanalmente em papel e aqui em vídeo.
As escolas deveriam ter uma disciplina para ensinar os mais novos a cozinhar e a conhecer os ingredientes, como, por exemplo, saberem que as galinhas não vêm diretamente dos talhos para a nossa casa. O conhecimento não passa apenas por estudar História, Geografia ou Matemática, disciplinas que depois vão dar frutos noutras áreas da nossa vida; passa também pela cozinha, pois é aí que se vão buscar componentes sociais muito importantes. Não se trata apenas do ato de cozinhar, mas da união da equipa, do facto de produzirem algo que, no fim, é palpável e de que podem desfrutar juntos.
Já há vários países da Europa que têm esta disciplina de cozinha implementada no método de ensino. Aliás, em Inglaterra, foi um chefe português, o Nuno Mendes, que conseguiu convencer a direção da escola particular onde estudam as suas filhas a adotar esta prática – lá, os alunos, à vez, é que cozinham o seu almoço.
Gostaria que o nosso Governo pudesse, um dia, debater esta proposta no Parlamento, ouvindo os chefes, conhecendo modelos internacionais já implementados, inteirando-se acerca das taxas de sucesso, do que a medida pode trazer para a sociedade e como a enriquece.
Considero que esta disciplina não poderia ser introduzida logo no início da escolaridade, pois, como sabemos, estar numa cozinha tem vários perigos, desde queimaduras a cortes, por causa dos instrumentos perigosos que se manuseiam. O ideal seria introduzi-la nos 9/10 anos, ou seja, no 2º ciclo, e mantê-la até ao final do ensino escolar obrigatório.
Para mim, seria um sonho ver isto implementado ou, nem que seja, em discussão no Parlamento.
Definitivamente, nós temos de perceber que a escola não pode roubar a infância às crianças. Quando compatibilizarmos a infância com tudo aquilo que a escola dá às crianças, nós seguramente vamos fazer uma escola muito melhor, com tudo aquilo que temos à nossa disposição (às vezes até com menos recursos…).
Acredito sinceramente que a escola do futuro é uma escola onde as crianças não serão crianças à pressa, um lugar onde as crianças poderão viver com a cabeça na lua e com os pés na terra. E onde possam perceber que o melhor do mundo é o futuro.