Há cinco anos, começava uma longa saga. Para os mais cumpridores das recomendações das autoridades de saúde, ir ao supermercado era uma aventura. Até ir pôr o lixo à rua, na verdade.
Hoje dizemos com naturalidade “acho que tive Covid outra vez”, há cinco anos, a tarefa principal dos dias era garantir que não se corria esse risco.
Nesses primeiros dias, havia que tentar a mentalização de que aquilo era o novo normal. Não ultrapassar as linhas do conselho sem uma justificação das incluídas na lista das admissíveis; lidar com a irritação perante quem usava a máscara abaixo do nariz; fazer compras online; interromper o teletrabalho para ir buscar os rolos de papel higiénico e tupperwares que os professores das aulas virtuais na televisão pediam; ajudar com as aulas da escola através do computador; a desinfeção; o distanciamento; as perdas; mais tarde, os boletins diários com o número de casos e mortes; passar do acreditar que seriam só duas semanas para perceber que a vida seria assim nos tempos seguintes.
Entre a desconfiança, o medo (alguns), a dúvida (outros), as rotinas novas, o pão, os arco-íris. Outra vida.