O Zwicky Transient Facility, da Califórnia, detetou em 2019 um clarão súbito a surgir numa galáxia a 300 milhões de anos-luz, na constelação Virgem. Nos últimos anos, o brilho deste clarão tem vindo a diminuir e a aumentar, e os cientistas acreditam que, por estar a manter-se durante tanto tempo, possa tratar-se de um buraco negro em plena fase de nascimento e início de atividade.
“Este padrão de comportamento é inédito”, conta Paula Sánchez-Sáez, astrónoma do Observatório do Sul da Europa, e que liderou a descoberta. Os astrónomos suspeitam que se trate de um buraco negro gigante que está a ‘acordar’ e a empanturrar-se com os gases e outros materiais circundantes, que criam a luz que está a ser detetada pelos instrumentos científicos. A confirmar-se, será a primeira vez que conseguimos assistir a um despertar de um buraco negro, noticia o Space.com.
Nos últimos 20 anos, este buraco tem sido visto ‘a dormir’, na galáxia SDSS1335+0728. Só o clarão em 2019 fez despertar o interesse dos cientistas por esta região do Universo. A análise de uma combinação de observações de múltiplos telescópios dos últimos 20 anos permite concluir que esta galáxia está a emitir muito mais luz, nos diversos comprimentos de onda.
Está descartada a possibilidade de a luz estar a ser produzida pela absorção de uma única estrela porque mesmo os buracos negros mais lentos conseguem fazê-lo em algumas centenas de dias no máximo, nunca precisando de quatro anos.
O buraco negro em questão será um milhão de vezes mais pesado que o nosso Sol.