A Fundação ”la Caixa” promove projetos de biomedicina e saúde através de vários concursos de investigação e inovação que fomentam as iniciativas mais promissoras e com maior impacto na sociedade em Portugal ou Espanha. Em 2017, com a colaboração do BPI e da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), lançou em Portugal o Concurso de Inovação em Saúde CaixaImpulse e, um ano depois, o Concurso CaixaResearch de Investigação em Saúde. Este último destina-se a projetos de investigação em biomedicina e saúde sediados.
O objetivo, mais uma vez, foi o de identificar e promover as iniciativas de excelência científica e com potencial impacto na sociedade, seja em investigação básica, clínica ou translacional, nas seguintes áreas temáticas: neurociências, oncologia, doenças cardiovasculares e metabólicas relacionadas, doenças infecciosas e tecnologias facilitadoras nas quatro áreas temáticas anteriores — nomeadamente microeletrónica e nanoeletrónica, ciências computacionais, megadados (big data), fotónica, nanotecnologia, biotecnologia, materiais avançados e sistemas de fabrico avançados.
Trata-se da convocatória filantrópica em biomedicina e saúde mais importante da Península Ibérica, pelo orçamento e pela qualidade e excelência dos projetos. Além disso, é o concurso em Portugal e Espanha que concede maior financiamento a cada um dos projetos individuais selecionados.
Ciência básica, clínica e translacional
Os projetos de investigação biomédica do Concurso CaixaResearch de Investigação em Saúde são financiados num amplo espetro, incluindo projetos de ciência básica, clínica e translacional. Do que estamos realmente a falar?
Investigação básica: a investigação básica fornece conhecimentos para entender a natureza e as suas leis. Apesar de ser levada a cabo sem pensar nas finalidades práticas, estes conhecimentos fornecem os meios essenciais para responder a um grande número de problemas práticos importantes.
Investigação clínica: é a que se faz com seres humanos (ou com material de origem humana, como tecidos, amostras e fenómenos cognitivos) e em que a equipa de investigação (ou colegas) interage diretamente com seres humanos. Excluem-se desta definição os estudos in vitro feitos com tecidos humanos que não é possível relacionar com um indivíduo vivo. Inclui os ensaios clínicos, os estudos epidemiológicos e comportamentais, a investigação de resultados e a investigação de serviços de saúde.
Investigação translacional: promove a integração bidirecional da investigação básica e da investigação clínica, com o objetivo a longo prazo de melhorar a saúde das pessoas. Acelera o movimento entre a investigação básica e a investigação clínica, o que dá lugar a:
- Estímulo a uma compreensão científica sólida da saúde e das doenças humanas;
- Compreensão científica ou padrões de assistência novos e/ou melhorados, melhores resultados nos pacientes, implementação de boas práticas e um melhor estado de saúde das comunidades.
Apoios financeiros
Com um período máximo de execução de três anos, as propostas podem ser apresentadas sob a forma de:
> Projetos individuais: apresentados por uma única organização de investigação, podendo solicitar apoio financeiro até 500.000€.
> Projetos em consórcio de investigação: apresentados por, no mínimo, duas e, no máximo, cinco organizações de investigação, podendo solicitar apoio financeiro até 1.000.000€.
Um passo em frente na contenção da malária
Foram mais de 60 os projetos de instituições portuguesas financiados pelo concurso desde a primeira edição: Dos projetos finalizados até agora, destacamos um em particular: “O fígado pode revelar o calcanhar de Aquiles da malária”. A malária é uma doença infecciosa causada por um parasita conhecido como Plasmodium. Este parasita reproduz-se rapidamente no fígado dos mamíferos, mas não no fígado de outros vertebrados.
O projeto liderado por Maria Mota, na Fundação GIMM, em Lisboa, identificou uma proteína chave que poderá explicar porque é que isto acontece. Esta descoberta representa um passo em frente no desenvolvimento de novas terapias para conter uma doença que todos os anos ceifa a vida a 600 mil pessoas em todo o mundo.
Projetos portugueses – uma retrospetiva
Foram mais de 60 os projetos financiados no âmbito do CaixaResearch liderados por instituições portuguesas, nas mais variadas áreas. Deixamos alguns exemplos:
> Uma nova terapia para a insuficiência cardíaca
Joaquim Adelino Correia Ferreira Leite Moreira, Universidade do Porto
> O fígado pode revelar o calcanhar de Aquiles da malária
Maria M. Mota, Instituto de Medicina Molecular
> Como evitar e melhorar o tratamento das complicações pulmonares derivadas de reacções alérgicas
Agostinho Albérico Rodrigues de Carvalho, Universidade do Minho
> Compreender as bases neurais da depressão para desenvolver novas terapias
Rodrigo A. Cunha, Centro de Neurociências e Biologia Celular
> A grande incógnita da neurociência é a forma como percepcionamos o mundo
Leopoldo Petreanu, Fundação Champalimaud
> Bactérias intestinais decidem pelo cérebro o que comer
Carlos Vidal Ribeiro, Fundação Champalimaud
> Combater a obesidade para tratar a doença hepática gorda não alcoólica
Rui Eduardo Mota Castro, Universidade de Lisboa
Vale a pena conhecer todos os projetos vencedores do Concurso CaixaResearch de Investigação em Saúde.