Aragão. O nome tem qualquer coisa de mítico. Os mais distraídos dirão que se trata do rei que regressa no fim do Senhor dos Anéis. Perdoa-se o equívoco. A história do reino de Aragão, fundado em 1035, está, afinal, cheia de aventuras, guerras sanguinárias e lutas fratricidas, dignas de filme ou romance. O rumo dessa história mudou em 1707, quando Aragão passou a fazer parte do Reino de Espanha, e foi sendo redesenhado até se transformar naquilo que hoje conhecemos como Comunidade Autónoma de Aragão. Terra de catedrais, palácios e castelos, vestígios romanos e islâmicos, parques naturais e estâncias de esqui – Aragão é um destino que nunca desilude. Pegue no bloco de notas que está na hora de planear as próximas férias.
Comecemos por Saragoça
Esta cidade com mais de 2000 anos é não só a capital da Comunidade Autónoma de Aragão, mas também uma das suas três províncias – as outras são Huesca e Teruel (já lá chegaremos). Aqui encontrará a Basílica de Nossa Senhora do Pilar, símbolo da cidade e em cujo interior poderá admirar algumas obras de Francisco de Goya, um dos mais famosos pintores espanhóis. Aproveite para admirar a venerada escultura da Virgem do Pilar. E não deixe de subir à Torre de São Francisco de Borja, de onde terá uma magnífica vista sobre a cidade. A poucos passos está a Catedral de El Salvador, o principal templo histórico da cidade e referência da arte mudéjar aragonesa, que mistura o estilo gótico com influências islâmicas.
A propósito de Goya, se é um apreciador deste génio da pintura neoclássica e romântica, não deixe de visitar a sua cidade natal: Fuendetodos, a 44 quilómetros de Saragoça. Aqui poderá conhecer a modesta casa que o viu nascer, em 1746. O interior foi restaurado e recria as casas rurais típicas da época. A poucos metros encontra-se o Museu da Gravura, que alberga quatro séries das gravuras de Goya: Os Caprichos, Os Desastres da Guerra, A Tauromaquia e Os Disparates.
Ainda na província de Saragoça, reserve algum tempo para visitar o Mosteiro de Piedra, um antigo mosteiro cisterciense localizado num lindíssimo parque natural com vegetação abundante, grutas, lagos e cascatas. O edifício remonta a 1194, quando Alonso II e Dona Sancha doaram um antigo castelo árabe aos monges de Poblet para construir um mosteiro e consolidar a fé cristã na área.
Parque Nacional de Ordesa Castelo do Loarre Estância de Astún
Por cenários cinematográficos
Se tem uma predileção por cenários de natureza incólume, Aragão tem muito para lhe oferecer. A norte de Huesca, nos Pirenéus aragoneses, os amantes da alta montanha encontrarão um parque nacional único em Espanha: o de Ordesa e Monte Perdido. Quatro vales e um pico, o Monte Perdido, compõem um cenário cinematográfico onde convivem diferentes ecossistemas. Um paraíso natural com pradarias, enormes bosques, incríveis gargantas, glaciares, neves eternas e uma singular paisagem cárstica forjada ao longo de milhares de anos.
Ainda em Huesca poderá também visitar o Castelo de Loarre e o Mosteiro de San Juan de la Peña, em Jaca. O castelo é uma impressionante fortaleza românica do século XI, em cujo interior foi construída a Igreja de Santa Maria. Já o mosteiro é formado por duas construções: a mais recente, do século XVII e em estilo barroco; e a mais antiga, do século X e em estilo românico.
Mirambel Cantavieja Presunto de Teruel
Teruel, património da humanidade
Saltemos agora para Teruel. A capital da província com o mesmo nome foi erigida numa montanha no sul de Aragão, e conserva no seu centro histórico um importante legado medieval. A torre da catedral, assim como as de San Salvador, San Martín e San Pedro são as jóias de um conjunto mudéjar que foi declarado Património da Humanidade pela UNESCO. Cidade de lendas, graças à célebre história dos amantes de Teruel, este lugar tem muitos encantos, como a praça do Torico, o aqueduto dos arcos e o popular passeio do Óvalo. Uma das capelas da igreja de São Pedro é o local de repouso dos malogrados amantes (se tivessem sido bem-sucedidos, não estaríamos a falar deles). Diz a lenda que, no século XIII, os jovens Juan e Isabel morreram por verem o seu amor contrariado. Dois sepulcros com as figuras esculpidas dos amantes, com as mãos entrelaçadas, acolhem os seus corpos mumificados.
Estância de Candanchú Estância de Cerler
Ala esquiar!
Para finalizar, e porque já é tempo de desportos de neve, nada como visitar algumas das estâncias de esqui aragonesas. Astún, situada nos Pirinéus aragoneses, no vale do rio Aragão, conta com uma grande variedade de pistas de todos os níveis e oferece um teleférico que partilha com a estância de esqui de Candanchú – inaugurada em 1928, esta é a estância mais antiga de Espanha. É possível adquirir um forfait conjunto com as duas.
Já Cerler é a estância mais alta dos Pirenéus aragoneses. Situada no vale de Benasque, alcança 2.630 metros de altura no mítico cume de Gallinero, sendo a estância com maior desnível esquiável dos Pirenéus: 1.130 metros. A beleza paisagística, com mais de 60 picos que superam 3.000 metros de altitude, faz de Cerler uma das estâncias mais bonitas.
Outra opção é Formigal, no centro dos Pirenéus aragoneses, no Vale de Tena, uma referência para os amantes dos desportos de inverno. Faz parte da estação combinada de Formigal-Panticosa. As pistas principais estão distribuídas em quatro vales cujo acesso é feito por qualquer uma das quatro entradas da estância.
Ficou com água na boca? E olhe que nem tivemos tempo de falar da gastronomia… Spoiler alert: é tudo delicioso.
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