Ontem foi mais um dia como os outros na Ucrânia. Poucas horas depois de terminar o “cessar-fogo” pascal de Putin, o Kremlin decidiu voltar a lançar uma chuva de mísseis e drones sobre cidades ucranianas. Não que a Rússia tivesse realmente interrompido as hostilidades. Segundo Volodymyr Zelensky, o exército russo desrespeitou a trégua quase 3 mil vezes, desde tentativas de avanço sobre posições ucranianas a ataques com drones e fogo de artilharia.
Ninguém ficou surpreendido com a falta de palavra do líder russo. Na verdade, este cessar-fogo – anunciado unilateralmente e minutos antes de entrar em vigor, não dando tempo para o exército ucraniano se preparar – nada tinha de sério. A (falsa) pausa de 30 horas parece talhada para ecoar o cessar-fogo de 30 dias proposto pelos EUA que a Ucrânia aceitou e a Rússia recusou, enquadrada numa moldura de cínica religiosidade, para apelar ao movimento MAGA e ressuscitar a ideia de que esta guerra é uma espécie de cruzada contra o que Putin chama de “satanismo” dos valores ocidentais. Um simples piscar de olho a Donald Trump, que no dia anterior ameaçara abandonar o processo de paz.