O mundo anda complicado e perigoso. Daí as cenas de alegria registadas ontem em Gaza e em Telavive. Será que o cessar-fogo anunciado esta quarta-feira, entre Israel e o Hamas, vai servir para alguma coisa? O conflito iniciado a 7 de outubro de 2023 com os ataques terroristas do grupo islamista e as brutais retaliações ordenadas pelo governo de Benjamin Netanyahu já provocaram demasiados mortos. Pelo menos 64260 – só até junho passado -, de acordo com um estudo recém publicado pela revista Lancet. Não nos iludamos. Neste preciso momento, dezenas de palestinianos continuam a perder a vida e a ficar estropiados devido aos ataques das Tsahal (as forças armadas de Israel). A maioria das duas centenas e meia de pessoas, com diferentes nacionalidades, que o Hamas sequestrou há 15 meses nunca regressará viva a casa. O jornalista Ahmed al Shayan faleceu ontem a fazer o seu trabalho na “zona humanitária” de Mawasi, junto a Khan Younis, no sul do enclave, na sequência de um bombardeamento, e não será o último nome a constar na lista de profissionais da comunicação social abatidos em Gaza (204). Netanyahu alega que o Hamas já está a violar trégua negociada para “extorquir concessões” e já admite não assinar o acordo que deveria entrar em vigor no próximo domingo, com a libertação, ao longo de seis semanas, de 33 reféns israelitas e de um milhar de palestinianos. E depois? Ninguém sabe. Talvez Donald Trump e Netanyahu tenham umas ideias sobre o assunto. O que não augura nada de bom.
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