Memória histórica e memória coletiva são dois conceitos diferentes, mas com “zonas de interseção”, diz Francisco Bethencourt, professor de História, titular da cátedra Charles Boxer, no King’s College de Londres. A memória histórica está relacionada com a “produção de conhecimento sobre o passado”, sofre “constante reinterpretação, decorrente das necessidades do presente” e dos novos modelos de pesquisa.
Uma franja mais conservadora costuma dizer, em forma de denúncia, que se está “a reescrever a História”, mas a verdade é que ela “está sempre a ser reescrita”, exclama o historiador. “Nunca foi linear ou cumulativa, e encontra-se em constante mudança de interpretação, relacionada com regimes políticos, quadros sociais e sensibilidades culturais.”