A primeira semana do ano ainda vai a meio e uma coisa é certa: Harry, o Duque de Sussex, será uma das figuras de 2023, pelo menos, numa categoria que se poderá dar o nome de “15 Minutos de Fama”. É certo que o monarca e a sua mulher, Meghan Markle, não precisam de fama, aliás, fogem dela a sete pés estando isolados na Califórnia, nos EUA, separados das famílias. No entanto somam intervenções, declarações, entrevistas, documentários e livros nos últimos meses, que de pouco têm adiantado aos Duques de Sussex para serem vistos com bons olhos, pelo menos, pelo povo britânico. Uma sondagem realizada no Reino Unido, pela empresa YouGov, mostrou que a imagem do casal piorou após a exibição de série documental com seis episódios, estreada em dezembro na Netflix, sobre a sua vida no seio da família real. Cerca de 44% dos britânicos que responderam ao questionário afirmaram que o filho mais novo do rei Carlos III deve perder os títulos da monarquia, enquanto outros 32% pensam que Harry deve ser mantido na família real.
Entretanto, já foram divulgados os teasers das próximas duas entrevistas dadas pelo príncipe Harry, que, em tom indignado, também ele seguramente vai causar indignação na casa real britânica. Na próxima terça-feira, 10, com o lançamento do livro autobiográfico, Na Sombra (edição Penguin Random House, 496 pág., €22,95), será que alguém da família real reagirá publicamente às memórias do duque? A aposta seria no príncipe William, responde o jornal The Guardian.
No Reino Unido, no canal ITV, na entrevista conduzida pelo jornalista Tom Bradby, um antigo correspondente real que o próprio Harry conhece há cerca de 20 anos, o duque assume: “Gostava de ter o meu pai de volta, gostava de ter o meu irmão de volta.”
Em vídeos curtos e rápidos, acrescenta: “Não mostraram vontade absolutamente nenhuma de reconciliação. Eles acham que é melhor que nos mantenhamos, de alguma forma, como os vilões”, e conclui “quero uma família, não uma instituição”.
Outro teaser, o da entrevista com Anderson Cooper, do programa 60 Minutos da americana CBS News, que também irá ser exibida no próximo domingo, 8, Harry aborda o tema dos correspondentes reais, o seu pior pesadelo e o suposto conluio com o Palácio de Buckingham, “no briefing e na divulgação de histórias contra mim e a minha mulher”.
Harry já viu e não esqueceu o que a equipa de assessoria do pai foi capaz ao divulgar informações para prejudicar a sua mãe. Apesar de os irmãos terem concordado em nunca repetirem tais atos, a insinuação é que William colocou os seus próprios interesses à frente de qualquer compromisso fraterno.
Os teasers das duas entrevistas revisitam temas semelhantes aos exibidos na série documental da Netflix, Harry & Meghan. Divisões familiares, intrusão da imprensa, acusações de não proteger o casal – aparentemente dirigidas tanto à instituição quanto à família. O mantra da família real, segundo Harry, é: “Nunca reclame, nunca explique”. Mas é “apenas um lema” e que nos bastidores há muita reclamação.
Se algum membro da realeza reagir publicamente, o jornal The Guardian escreve que será o Príncipe de Gales. Harry já alegou que o seu irmão mais velho gritou com ele durante a reunião em Sandringham, propriedade real em Norfolk, quando eles se encontraram para discutir o futuro do casal e a saída dos Sussex do Reino Unido e da família real.
Foi também William, atraído pela sugestão pública de Harry e Meghan de que a família real era racista, que não pôde deixar de responder quando questionado por um repórter televisivo, dizendo: “Não somos uma família racista”. Ainda hoje não foi revelado quem questionou o tom mais escuro da pele de Archie, o primeiro filho do casal.
Apesar de ainda pouco ter sido revelado sobre o que o príncipe Harry dirá nas duas entrevistas sobre a sua mãe, princesa Diana, e sobre o impacto psicológico e prolongado que a sua morte teve sobre ele, a ITV, ao promover a entrevista, disse que Harry falaria sobre os seus relacionamentos pessoais e “detalhes nunca antes ouvidos” sobre a morte de Diana.
Quanto ao pai, o rei Carlos III, e com a sua coroação marcada para dia 6 de maio, fica a expectativa em relação sua reação ao conteúdo do livro – poderá ser um catalisador para a reconciliação ou para uma rutura assumida e definitiva?