Vinte e cinco é o número de que se fala nos últimos dias. A “culpa” é do ator Leonardo DiCaprio que, aos 47 anos, continua a namorar com raparigas com metade da sua idade e a terminar a relação, assim que elas se aproximam do 25.º aniversário.
Aos 25 anos, está finalmente completo o desenvolvimento e o amadurecimento do córtex pré-frontal, a parte do cérebro responsável pelo controlo dos impulsos e pela tomada de decisões. É quando o cérebro está totalmente formado e com maturidade que o protagonista de Titanic (êxito de há 25 anos!) descarta as namoradas.
Há quatro anos, um utilizador do Reddit deu-se ao trabalho de criar uma tabela em Excel, transformada em gráfico, com as idades de DiCaprio e da namorada em cada um dos namoros, entre 1999 e 2019. Agora, nas redes sociais, os bitaites sobre os seus relacionamentos amorosos já deram origem à Lei de Leo.
Dizer que os homens preferem “naturalmente” mulheres mais jovens é uma afirmação de poder, que desconsidera as realizações, poder, dinheiro, inteligência e ambição de uma mulher. E, de cada vez que uma mulher diz que eles “só melhoram com a idade”, pense duas vezes: depois dos 20 anos, a fertilidade masculina diminui a cada ano que passa, tal como acontece com as mulheres. Um homem de 40 anos leva quase dois anos para conseguir uma gravidez com uma mulher no pico de fertilidade. Em que idade? Os tais 25 anos.
É melhor refletir sobre o que uma mulher valoriza, em vez de o holofote estar apontado ao que o homem gosta. Será apenas a juventude delas? “O gosto não é livre e os seus julgamentos nunca são meramente ‘naturais’”, escreveu Susan Sontag em The Double Standard of Aging, ensaio de 1975.
Mas, será que é DiCaprio quem termina o namoro ou como brincou a escritora e comediante Meredith Dietz no Twitter, “o que realmente acontece é que quando o cérebro de uma mulher termina de se desenvolver, ela percebe que não quer ficar com Leonardo DiCaprio.”
Estará o ator e ativista das alterações climáticas à procura de uma companheira ou apenas de uma admiradora? Só no Instagram tem perto de 55 milhões.
A premissa de que os homens são simplesmente programados para serem atraídos por mulheres no auge da sua fertilidade não é totalmente corroborada por todos os investigadores. Não se sabe o suficiente sobre se esse padrão de diferenças de idade entre os parceiros é “natural”, atraídos por seios mais firmes, nádegas empinadas e cabelos mais brilhantes, ou o produto de estruturas sociais, culturais e económicas, conceito que a jurista Catharine MacKinnon batizou de “erotização da subordinação feminina”.
Segundo dados dos Censos dos Estados Unidos da América, os homens são, em média, 1,84 anos mais velhos do que as mulheres com quem casam. Os homens que se casam uma segunda vez têm maior propensão para procurar parceiras mais jovens.
Numa outra análise sobre as diferenças de idade entre os cônjuges em 37 países à luz das pontuações desses países no índice de igualdade de género da ONU, as cientistas Alice H. Eagly e Wendy Wood descobriram que a diferença de idade entre os parceiros diminui nos países com maior igualdade de género. À medida que a igualdade de género aumentou, as mulheres expressaram menos preferência por homens mais velhos, os homens expressaram menos preferência por mulheres mais jovens e, consequentemente, a diferença de sexo na idade preferida dos companheiros tornou-se menor.
De novo nos EUA, à medida que as mulheres entraram no mercado de trabalho, seguiram o ensino superior em taxas iguais e, eventualmente, superiores às dos homens, e lutaram por igualdade de estatuto, os casamentos entre homens muito mais velhos e mulheres jovens tornaram-se menos comuns. Entre 1910 e os anos de 2010 a 2014, Kelly Feighan, estudante da Temple University, em Filadélfia, contabilizou que a proporção de homens que se casaram com uma mulher 11 ou mais anos mais nova do que ele caiu de 18,9% (nos primeiros casamentos) e 60,5% (nos segundos casamentos) para 2,3% e 22%, respetivamente. Nesse mesmo período, a diferença média de idade entre os cônjuges diminuiu, passando de 4,07 anos em 1910 para 1,86 anos no intervalo de 2010 a 2014.
Há 33 anos, o psicólogo evolucionista David Buss constatou que em cada uma das 37 culturas analisadas, os homens preferiam casar-se com mulheres mais jovens, em média 2,66 anos, e as mulheres preferiam homens mais velhos, em média 3,42 anos. Dados que o especialista argumenta mostrarem que as preferências de idade para um parceiro são provavelmente o produto de pressões evolutivas. É a Biologia a falar mais alto.