Susana Torres é coach de Alta Performance, uma das nuances da área do coaching. Ocupa-se, essencialmente de “ajudar pessoas a saírem do sítio onde estão para alcançarem resultados, neste caso, resultados extraordinários”. Alta performance remete para “resultados acima da média, pessoas que se destacam nas diversas áreas de atividade onde elas se encontram”.
Em 2014, quando começou a sua jornada lado a lado com o jogador que marcou o golo da vitória no Euro de 2016, “nem o próprio Éder acreditava que isto pudesse levá-lo a algum lado”. Nem o jogador nem “ninguém à volta”, admite Susana. Mas o tempo trouxe resultados e mesmo antes de 2016, o jogador atingiu um dos seus objetivos: “com seis meses de trabalho chegou ao Premier League” e dois anos depois “alcançou o Europeu”.
Mais importante do que serem imediatos, os resultados devem ser duradouros e é nesse sentido que Susana Torres trabalha. Mas, afinal, qual é a filosofia que se esconde por trás desses “resultados fora de série”? Qual é a filosofia que ajudou Eder a marcar o golo da vitória e ajuda pessoas e empresas de todas as áreas na sua procura pelo sucesso?
O primeiro passo é definir objetivos e esse é um trabalho que está ao encargo de cada um. Só depois profissionais como Susana Torres entram em ação com “ferramentas” que “permitem que as pessoas alcancem os seus objetivos” e vivam “uma vida em alta performance, uma vida mais consciente, mais capaz, com mais competências e mais feliz.”
Na jornada para atingir um objetivo, a coach de alta performance explica que a regra número um é “não desistir dos seus sonhos”. A vida será um reflexo da nossa pessoa e podemos construí-la ou em função das nossas “forças e sonhos” ou em função das nossas “limitações”. “É uma escolha nossa a forma como queremos viver”, garante, e mudança é palavra-chave.
O coaching de alta performance propõe, assim, alguns “exercícios” que podem ser inseridos no dia-a-dia de cada um, assim como pequenas mudanças que pouco a pouco vão fazendo a diferença tanto a nível físico como mental, duas dimensões que são fulcrais no sucesso pessoal, explica Susana Torres. “Hoje em dia as pessoas já olham para a forma como nós nos preparamos mentalmente para os desafios do dia-a-dia como um aspeto fundamental, importante e decisivo”, uma ideia central na prática do coaching.
Um exercício essencial, segundo a coach, é a criação de uma “boa rotina matinal” que pode evitar que as pessoas cheguem ao fim do dia “esgotadas, cansadas, stressadas e com a sensação de que o dia foi um dia perdido”.
Repensar algumas rotinas e alguns aspetos da vida pessoal pode ter um grande impacto tanto no bem-estar pessoal como na produtividade, desde “a forma como acordamos, o que fazemos, os pensamentos que temos logo de manhã, as pessoas com quem contactamos, a informação a que acedemos” à “água que bebemos e à qualidade do nosso sono”. Existe uma consequência para as nossas ações que se revê no nosso físico e psicológico, explica.
Acordar com os pés fora da cama é, para Susana, uma escolha pessoal. “Isso de começar mal logo de manhã pode ser substituído por um começar bem logo de manhã”, garante. É uma questão de nos prepararmos da melhor forma “para aquilo que são os desafios do dia-a-dia que todos nós temos” e o coaching pode ajudar.
Viver em alta performance é também perceber que aspetos da vida e do dia-a-dia podem e devem ser melhorados, o que implica também que levantemos algumas questões. Quem são as pessoas à nossa volta? Para Susana Torres esta é uma pergunta essencial. “Muitos de nós estamos rodeados de pessoas que não são propriamente aquelas que nos impulsionam para a frente”, explica. Neste contexto, é importante “conseguir decidir qual é o tempo de antena que damos a estas pessoas e o que fazer com a informação que me dão”.
Tratam-se de mudanças que podem ser decisivas no curso da vida de cada um, razão pela qual a componente emocional deve ser levada “a sério” para, com isso, impedir que a “qualidade da nossa performance seja afetada pelo nosso estado emocional”. O coaching de alta performance traz, desta forma, para primeiro plano, o bem-estar emocional e mental enquanto aspetos-chave do sucesso pessoal. Uma filosofia que tem gerado uma adesão cada vez maior à área.
Os resultados, no entanto, não são imediatos e não o devem ser. O coaching de alta performance atua apenas a longo médio prazo e para ver resultados a pessoa deve estar “disponível” a abdicar do “imediato” que “não dura” e estar aberta a trabalhar competências como a “resiliência, a disciplina, a paciência e o trabalho” que serão chave para o sucesso que virá a longo prazo, mas será duradouro. “É aí que se diferenciam algumas pessoas”, explica. Segundo a coach, “nem toda a gente está disponível” a começar esta jornada que, embora possa ser “longa”, é essencial para “alcançar resultados fora de série”.
Para Susana Torres, “toda a gente pode ser uma pessoa melhor, toda a gente pode fazer mais do que aquilo que está a fazer, toda a gente pode ter vidas muito mais facilitadas, é uma questão de saber como fazê-lo”. O coaching pode ajudar a responder à questão “Como?”. Os únicos requisitos são a disponibilidade e a vontade de mudar, de ser e de fazer melhor.