Uma equipa de cientistas americanos descobriu que a composição da água gelada é mais complexa do que a junção de dois átomos de hidrogénio e um de oxigénio: na verdade, ela pode ser uma combinação de dois líquidos diferentes num só.
Há muito que a água líquida nas temperaturas mais extremas possíveis tem sido objeto de estudo para os cientistas, visto que ela ocupa uma parte significativa da superfície do nosso planeta e é importante perceber como ela regula o ambiente, o nosso corpo e a própria vida. Agora, especialistas do Laboratório Nacional do Noroeste do Pacífico, do Departamento de Energia dos Estados Unidos, fizeram as primeiras experiências que indicam que a água a temperaturas extremamente baixas é formada por duas estruturas diferentes que coexistem e variam em intensidade dependendo da temperatura.
O estudo teve como principal objetivo analisar se haveria alguma possibilidade de a água existir no estado líquido em temperaturas negativas, ou se esse é apenas um dos caminhos que ela usa para alcançar o estado sólido. De acordo com os peritos envolvidos no estudo, as descobertas “explicam uma controvérsia de longa data sobre se a água gelada [com temperaturas abaixo de zero] sempre cristaliza ou não antes de se equilibrar. A resposta é: não”. Assim, os resultados demonstram que a água não chega a evoluir para o estado sólido antes de haver um equilíbrio entre os dois átomos de hidrogénio e um de oxigénio.
A metodologia do estudo americano consistiu em observar, recorrendo à técnica de imagens “stop motion”, a água gelada. Os resultados revelaram que, de facto, ela tem a capacidade de se condensar de forma semelhante a um líquido de elevada densidade. Assim, esta forma de densidade mais alta coexiste com uma estrutura de densidade mais baixa que se encontra mais próxima da composição base da água. Deste modo, a quantidade de líquido de alta densidade diminui rapidamente dependendo da temperatura, que pode baixar dos 27°C negativos para os 82°C negativos, por exemplo.
De acordo com a análise, é muito difícil a água congelar abaixo do seu ponto de fusão, ou seja, a partir dos zero graus Celsius resistindo, assim, à ação de congelamento. Mas, quando isso se verifica, ela tem a capacidade de se expandir, o que representa um comportamento estranho comparativamente com outros líquidos no geral. No entanto, esta particularidade é o que permite a existência de vida na Terra, uma vez que se os cubos de gelo que se formassem derretessem rapidamente, ou o vapor de água na atmosfera não retivesse o calor, o ser humano não sobreviveria.