Ainda antes de abalar o Vaticano, o escândalo perturbou o sossego de Militello Rosmarino, uma pequena vila encavalitada numa região montanhosa da Sicília. Muitos dos seus 1200 habitantes conheciam bem a freira ao serviço do SS. Bambino Gesù Collegio di Maria que engravidou durante uma missão de caridade no país africano donde é originária. Tinham boa impressão dela e do colégio onde trabalhava. A notícia deixou-os, por isso, sem chão.
Segundo o jornal Gazetta del Sud, a religiosa, de 34 anos, só descobriu que estava grávida já na Sicília, quando foi ao hospital com fortes dores de estômago e os médicos lhe fizeram uma ecografia. Em pouco tempo, a sua surpresa ganhou eco nos meios de comunicação social, já se queixou o presidente da Câmara de Militello Rosmarino, Salvatore Riotta, que lamenta a “desconcertante” fuga de informação.
“Conheço bem a freira, que fez os votos há menos de um ano e foi sempre amada por todos”, começou por dizer o autarca, citado pelo Gazetta del Sud. “O colégio Bambin Gesù é uma instituição muito séria, foi sempre a realidade mais positiva da vila. Ocupa-se de famílias pobres e crianças em dificuldade”, sublinhou. “Também por esse motivo”, disse, “estamos dececionados com o que aconteceu e como as notícias foram geridas, mas o bom nome do instituto não está em causa.”
Soube-se agora que um incidente semelhante surpreendeu recentemente Ispica, a cerca de 60 quilómetros de Militello Rosmarino. Nessa cidade da província de Ragusa, uma madre superiora de uma outra ordem religiosa também voltou grávida de uma missão em África. De acordo com a agência de notícias italiana ANSA, ela é originária de Madasgáscar, país onde terá engravidado, e em Ispica era responsável por um serviço de atendimento a idosos.
Não é a primeira vez que surgem notícias de freiras grávidas em Itália. Em 2014, em Rieti, a uns cem quilómetros de Roma, uma irmã de origem salvadorenha teve um filho, acabando por deixar a ordem religiosa a que pertencia. Um ano depois, em Marche, na costa do Mar Adriático, uma rapariga que se preparava para professar os seus votos numa congregação (ainda noviça, portanto) seria mãe debaixo de um coro de críticas.
O mesmo não acontecera em 2011, quando uma freira de origem congolesa, de 40 anos, foi mãe também em Marche. Dessa vez, a comunidade uniu-se para apoiar e defender a religiosa que acusou de violação um padre seu compatriota. A mulher deixou de imediato a ordem a que pertencia e deu o bebé para a adoção, mas dois meses mais tarde encetou uma batalha judicial para o reaver.
Agora, os novos dois casos estão a ser investigados pelo Vaticano, preocupado em destrinçar se as religiosas quebraram as regras de castidade ou foram abusadas sexualmente. No início deste ano, o Papa Francisco revelou-se preocupado com os abusos sexuais por parte de padres e bispos – “um problema sério, grave”, admitiu. Na altura, falou-se, inclusive, de casos em que freiras eram tratadas como autênticas escravas sexuais.
A fuga de informação está também a ser alvo de uma investigação interna, por parte dos serviços de saúde públicos da Sicília.
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