Diz-se que uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade. Para quem o faz continuamente, ainda que não se torne verdade, também não traz grandes problemas de consciência.
Uma pesquisa realizada pela UCL University, em Londres, revela porque é que as pessoas que mentem o fazem consecutivamente com os seus parceiros e comentem adultério.
O estudo, que pretendia avaliar a capacidade de mentir dos participantes, consistia num jogo, em que lhes eram mostradas imagens de um frasco cheio de moedas, cabendo-lhes ajudar outra pessoa, a quem só era mostrada uma imagem desfocada, a advinhar quantas moedas havia no recipiente. A tendência para mentir aumentava quando os participantes eram informados que receberiam dinheiro se o outro não acertasse.
O relatório concluiu que ao dizer muitas mentiras, o cérebro adapta-se e o sentimento de culpa diminui: “A resposta a atos de desonestidade repetidos pode refletir uma redução na resposta emocional.”
A explicação está numa região do cérebro, a amígdala, que responde negativamente quando mentimos. No entanto, sempre que o fazemos, a resposta da amígdala enfraquece, o que faz com que nos sintamos menos culpados por mentir. E quanto mais mentimos, mais tendência temos para o voltar a fazer.
Neil Garret, co-autor do artigo e investigador do Instituto de Neurociência de Princeton, falou à revista Elite Daily e alertou para casos como o adultério: “A primeira vez que cometemos adultério vamos sentir-nos mal com isso. Mas da vez seguinte vamos sentir-nos menos culpados e por aí diante…”
“O que o nosso estudo e tantos outros sugerem é que o factor poderoso que nos impede de mentir é a nossa reação emocional, essencialmente o quão mal nos sentimos. O processo de adaptação reduz essa reação, o que nos permite enganar mais”, esclarece.