Podemos presumir que todos os cancros, afinal, poderão ser causados por agentes infecciosos?
Isso, para já, é especulação. Mas suspeito que, no futuro, iremos associar muitos outros cancros a infeções. De qualquer modo, os agentes infecciosos nunca são os únicos culpados. É preciso que ocorram modificações muito específicas em certas partes do genoma.
Modificações que dependem do ambiente?
Algumas vezes podemos ter herdado as modificações que facilitam as transformações causadas pelos agentes infecciosos.
Infeções, cancro. Tudo acaba por ir dar ao sistema imunitário. É essencial que este seja robusto?
Nem sempre. Há cancros que ocorrem com maior frequência em situações de imunossupressão (em seropositivos e transplantados) e outros que carregam um risco mais reduzido. Um sistema imunitário mais fraco pode ser protetor, até certo ponto.
A sério?
Sim, no cancro da mama, por exemplo. Há uma proteção de 15% em mulheres com sida. Em transplantados [sujeitos a terapêutica imunossupressora] também se regista uma ligeira proteção. Simplificamos demasiado quando dizemos que tem tudo a ver com o sistema imunitário. É claro que é bom ter defesas fortes, para boa parte dos cancros. Mas não para todos. O cancro são muitas doenças.