Quando Paulo Cafôfo, na altura ainda independente, conquistou a Câmara Municipal do Funchal, em 2013, construindo uma improvável geringonça que uniu toda a oposição contra o PSD, parecia ter-se aberto uma brecha no poder laranja. A ideia de que Cafôfo era o homem ideal para ganhar a Madeira fez com que António Costa apostasse tudo nele. As regiões lidam mal com ingerências, mas a forma como Paulo Cafôfo foi apresentado no Congresso do PS em maio de 2018 deixava clara a aproximação a Costa. O então autarca do Funchal foi à Batalha falar no “desgaste de Miguel Albuquerque” e dizer que “o PS tem muitas possibilidades de ganhar na Madeira”. Os socialistas acreditaram e, em 2019, Paulo Cafôfo não só foi candidato, como obteve aquele que é até hoje o melhor resultado de sempre na Madeira, conseguindo 35,76% dos votos e quase quadruplicando a votação das eleições anteriores. Mas se isso parecia ser um bom prenúncio, o balde de água fria não tardou a chegar.
Em setembro de 2021, Paulo Cafôfo demitia-se da liderança do PS Madeira, depois de perder a Câmara Municipal do Funchal. “Isto significa que não serei candidato a um novo mandato nas eleições que se irão seguir e que também irei sair da Assembleia Regional e deixar o meu lugar de deputado.” Parecia um adeus à política. Mas foi um até já. Em março de 2022, foi nomeado secretário de Estado das Comunidades Portuguesas. Em dezembro de 2023, depois de mais uma derrota pesada para os socialistas nas regionais que fizeram Sérgio Gonçalves deixar a liderança, Cafôfo estava de volta e sem adversário interno. Mas alguma coisa estava diferente.