Pedro Nuno Santos não disse a ninguém quando iria anunciar o sentido de voto no Orçamento do Estado nem qual tinha sido a sua decisão. Momentos antes de falar ao País, no Largo do Rato, os mais próximos aguardavam com expectativa as palavras do líder. Quando finalmente disse que ia abster-se, quem estava no Parlamento ouviu, vindo do corredor em que estão instalados vários assessores e deputados do PSD, um bruaá semelhante ao que se ouve quando a Seleção Nacional de futebol marca um golo. No PS, a sensação também foi de alívio: mesmo com opiniões diferentes sobre como devia votar a bancada socialista, a decisão de Pedro Nuno Santos foi bem acolhida e a prova disso é a unanimidade com que foi votada na Comissão Política Nacional do partido. Mas o nervosismo está longe de ter passado. No PSD, admite-se que “ainda não se passou o cabo das Tormentas”. No PS, temem-se as armadilhas da especialidade.
“Não está fora da equação ter eleições antecipadas”, admite à VISÃO o vice-presidente da bancada do PSD, António Rodrigues, explicando que esse raciocínio é válido mesmo caso o Orçamento do Estado para 2025 venha a ser aprovado no Parlamento sem alterações substanciais. “Depois de aprovado o Orçamento, o PS vai lavar as mãos e está legitimado para fazer o que quiser. O PS, com o Chega, pode provocar derrotas sistemáticas ao Governo, que vai ter sempre de negociar ponto a ponto com quem estiver disponível”, argumenta o social-democrata.