O ex-ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, declarou, esta terça-feira, na Comissão de Economia da Assembleia da República, que os 55 milhões de euros pagos ao ex-acionista da TAP David Neeleman para sair da companhia foram “ponto de encontro” entre as partes em desacordo, para evitar litigância e retirar o acionista privado da companhia aérea.
“Os 55 milhões de euros são resultado de uma negociação, […] foi o ponto de encontro entre duas partes que, de facto, não tinham um acordo”, afirmou Pedro Nuno Santos, que está a ser ouvido no parlamento,
O ex-governante lembrou ainda que, em 2020, quando a TAP entrou em dificuldades devido à pandemia de covid-19, foi aprovado um auxílio de emergência de 1.200 milhões de euros, mediante condições impostas pelo Estado, que foi rejeitado em Conselho de Administração da TAP, com a abstenção de seis administradores.
O ex-ministro das Infraestruturas declarou ser possível que “todos, TAP, governo e País” tenham sido “enganados” por David Neeleman durante o processo de privatização da companhia aérea, em 2015.
Pedro Nuno Santos invocou uma auditoria pedida pela anterior administração da TAP sobre os chamados fundos Airbus – dinheiro que serviu para a capitalização da empresa, em 2015 – para concluir que os mesmos, ao que tudo indica, pertenciam à companhia aérea, mas foram utilizados numa negociação entre David Neeleman e o fornecedor de aviões para capitalizar a TAP, mecanismo autorizado pelo último governo PSD/CDS. “A auditoria é suficientemente grave para nós a ignorarmos e continuarmos a fazer audições como se não soubéssemos que há uma auditoria que diz que é possível que todos tenhamos sido enganamos. E eu digo todos: que a TAP tenha sido enganada, que o Governo do PSD tenha sido enganado, que o país tenha sido enganado”, afirmou Pedro Nuno Santos.
“Se se confirmar, é preciso exigir que os contratos sejam revistos”, declarou Pedro Nuno Santos, que antes tinha afirmando que a capitalização da empresa terá sido financiada pela própria TAP.