O ministro da Educação refugiou-se na sala do Governo durante grande parte da manhã, enquanto no plenário os seus colegas defendiam o Orçamento do Estado para 2017. O motivo não era menor: era preciso responder de alguma forma às acusações sucessivas de que vinha sendo alvo por parte do seu ex-secretário de Estado do Desporto, João Wengorovius Menezes.
E essa resposta acabaria por chegar ao fim da tarde, no final de um evento em Leiria, onde lamentou que Wengorovius tenha alguma vez feito parte do Governo e sublinhou as sucessões de informações contrários que têm surgido nos últimos dias, a propósito da demissão do secretário de Estado e da intervenção ou não do ministro numa tentativa de afastamento do chefe de gabinete Nuno Félix. O mesmo que soube-se, na semana passada, prestou falsas informações sobre a sua formação académica e também se demitiu.
Tiago Brandão Rodrigues recordou que “primeiro tinha conhecimentoo de alguns factos que eram menos lícitos, depois já não tinha conhecimento. Depois tinha impedido a exoneraçãoo de um chefe de gabinete, depois já só tinha adiado”.
A semana tem sido dura para o ministro. Emails que supostamente desmentem a afirmação de Brandão Rodrigues de que nunca tentou impedir o processo de exoneração de Nuno Félix, foram divulgados pelo jornal I e confirmados num direito de resposta pelo próprio Wengorovius. Mas se inicialmente o antigo secretário de Estado terá dito ao Observador, como o próprio jornal electrónico hoje denuncia, que o ministro tinha conhecimento da falsa licenciatura de Nuno Félix e esse terá sido um dos motivos para que ele próprio se demitisse, agora Wengorovius já afirmou no Público que em causa não esteve esse facto das licenciaturas.
Mas a polémica não acaba aqui. Tiago Brandão Rodrigues foi à SIC garantir que tudo não passava de um “facto político” e garantir: “Em nenhum momento eu pedi a João Meneses que não exonerasse o seu chefe de gabinete. Todos os governantes têm a possibilidade real de trabalhar e fazerem tudo aquilo que querem fazer nas suas equipas”, afirmou.
Os emails agora divulgados Wengorovius diz algo diferente: “Quando informei o sr. ministro da necessidade de concretizar a substituição do chefe do gabinete (já o havia informado há uns dias de quem iria substituí-lo), recebi o seu pedido — por email — de que não o fizesse nessa altura (o chefe do gabinete demissionário estava ausente há 15 dias e acabava de apresentar uma baixa para acompanhamento à família por mais 15 dias, situação que se estava a tornar danosa para o regular funcionamento da secretaria de Estado)”.
O “que disse e desdisse” de Wengorovius ao Observador, como o próprio jornal revela, não faz com que o ministro se sinta “de todo beliscado”.