António José Seguro, afirmou hoje aspirar ao cargo de primeiro-ministro “para poder servir Portugal em nome das causas e dos valores” que defende.
“A minha ambição é de ser primeiro-ministro para poder servir Portugal em nome das causas e dos valores que ali disse”, disse, questionado pelos jornalistas no final do XVIII Congresso socialista.
Escusando-se sempre a fazer qualquer “declaração política” — “já disse o que tinha a dizer hoje. O meu discurso foi muito claro”, comentou -, Seguro manifestou-se “muito feliz” no final da reunião magna do PS.
A moção de estratégia global do secretário-geral do PS, António José Seguro, foi aprovada pelos delegados do Congresso com 855 votos, num total de 1.129 votantes, o que corresponde a 75,73 por cento dos votos.
A moção de Francisco Assis foi, desta forma, rejeitada, tendo recolhido 274 votos, correspondentes a 24,27 por cento dos votos.
A moção de Seguro intitula-se “O Novo Ciclo – Para Cumprir Portugal” e a de Assis, candidato derrotado à liderança nas diretas de julho com 33 por cento do total dos votos, tem por título “A Força das Ideias”.
A nova presidente do PS, Maria de Belém, prometeu no exercício do cargo usar a sua “magistratura moral” para promover a “unidade e coesão do partido”.
“É chegada a hora de colocar todo o meu percurso de vida e o que eu sou em função da minha circunstância, a minha magistratura moral, como lhe chamam os estatutos do PS, na defesa da unidade e coesão do partido e no respeito pelos princípios e valores da sua declaração de princípios e do seu programa, tentando não desmerecer daqueles a quem sucedo”, disse, numa intervenção que abriu o segundo dia de trabalhos do XVIII Congresso Nacional do PS, a decorrer em Braga.
Maria de Belém salientou contudo que, apesar de lhe caber parcialmente enquanto presidente, a tarefa da “unidade e coesão” dos socialistas “deve ser entendida como uma responsabilidade partilhada”.
À chegada ao XVIII Congresso do PS, em Braga, Seguro foi insistentemente questionado sobre a falta de consenso para a apresentação de uma lista única à Comissão Nacional, que foi tentada nas últimas semanas entre o atual secretário-geral e o candidato derrotado nas diretas, Francisco Assis, facto que procurou desvalorizar.
“Já reparou qual é o slogan do nosso congresso? As pessoas estão primeiro e hoje as pessoas precisam de tanta confiança e de tanta esperança, é essa a minha única preocupação, ajudar a resolver os problemas de Portugal, não estou preocupado com nenhuma lista”, disse.
O ex-Presidente da República, Mário Soares, recusou hoje que a apresentação de listas concorrentes à Comissão Nacional do PSD por parte de António José Seguro e Francisco Assis signifique divergências no partido, dizendo ser “saudável” que existam diferentes pontos de vista.
“Não acho que haja divergências, havendo várias pessoas e cada uma tendo o seu ponto de vista, isso é saudável para o PS”, defendeu Soares, à chegada ao Congresso do partido.
O antigo chefe de Estado recordou que não apoiou nenhum dos candidatos à liderança do PS — disputada entre Seguro e Assis — mas disse considerar “absolutamente normal” que não tenha sido apresentada uma lista única à Comissão Nacional, cenário que chegou a ser negociado nas últimas semanas.Manuel Alegre, ex-candidato a Presidente da República, vai estar presente devendo discursar sábado, no segundo dia, no período dedicado à discussão das moções de estratégia.
Manuel Alegre, que também já teve participação ativa no último congresso da liderança de José Sócrates, em abril último, faz a defesa da atuação de António José Seguro nas suas primeiras semanas enquanto secretário-geral do PS.
“Diz-se que o PS hibernou desde que foi para a oposição, mas esquece-se que o PS esteve sem órgãos dirigentes. Pelo contrário, penso que o PS tem feito críticas duras e corretas à política deste Governo, que pretende ir mais além do que a ‘troika’ e que ultrapassa os limites suportáveis pelo país”, acusou o membro do Conselho de Estado em declarações à agência Lusa.
O deputado e ex-secretário de Estado Carlos Zorrinho, escolhido pelo secretário-geral socialista para presidente do Grupo Parlamentar do PS, manifestou-se hoje convicto de que o partido convergirá a partir do seu XVIII Congresso para “desenvolver uma alternativa para Portugal”.