As afirmações de Trump contradizem as do seu próprio procurador-geral, William Barr.
Um dia depois de este reconhecer que o Departamento de Justiça não encontrou provas de uma fraude que possa ter alterado os resultados eleitorais, que dão a vitória ao democrata Joe Biden, Trump publicou um vídeo de 46 minutos na sua página pessoal na rede social Facebook.
Na gravação, Trump repetiu as acusações sem provas que a sua equipa de advogados tem avançado e que têm fracassado sucessivamente nos tribunais dos Estados decisivos.
Mencionou em particular o argumento de terem votado imigrantes e “pessoas que estão mortas há 25 anos”.
No vídeo, Trump afirmou: “Estas eleições foram arranjadas. Todos o sabem”.
A recusa de Trump em reconhecer a derrota tem-lhe custado o afastamento progressivo de várias figuras republicanas de topo.
Sem mencionar diretamente Barr, Trump disse claramente que entende que foi “roubado” e que houve uma “ação orquestrada” de declarar Biden como vencedor, mas sem apresentar qualquer prova.
O incumbente, que perdeu as eleições por quase sete milhões de votos e cuja derrota foi certificada em todos os Estados-chave, insistiu em que a certificação dos resultados nestes Estados tem de ser “adiada imediatamente”, porque houve “milhões de votos emitidos de forma ilegal”, afirmação de novo sem provas em apoio.
“Ainda há tempo de sobra para certificar o vencedor correto das eleições”, disse Trump, em referência aparente ao prazo, que decorre até 14 de dezembro, quando o Colégio Eleitoral se vai reunir para oficializar a vitória de Biden.
Trump pediu ainda uma “análise sistemática dos votos por correspondência”, que considera fraudulentos na maioria dos casos, apesar de não se ter demonstrado que o possam ser.
Garantiu que “as infrações em todos os Estados chave” afetam a “dezenas de milhares de votos”, o que permitiu alterar os resultados das eleições, acusação esta feita também sem qualquer prova de suporte e que foi negada pelos próprios dirigentes republicanos nos Estados em causa.
O vídeo demonstra mais uma vez que Trump não está disposto a admitir a vitória de Biden e que continua em campanha de descrédito do sistema democrático dos EUA, que vários comentaristas tem descrito diretamente como uma tentativa de golpe de Estado.
Trump começou a gravação – feita na Casa Branca, editada pela sua equipa e sem a presença de jornalistas — com a afirmação de que este poderia ser “o discurso mais importante que alguma vez fez”, mas não revelou nada de novo em relação às acusações que faz desde há um mês.
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