A média de sondagens do agregador Five Thirty Eight indica que Donald Trump tem uma hipótese de 10% de vencer as eleições americanas. No entanto, como referiu o investigador Pedro Magalhães numa entrevista à EXAME, “uma probabilidade de 80% de um avião não cair não quer dizer que ele não caia.” A mesma lógica aplica-se a uma probabilidade de 90% contra 10%: Trump ainda tem hipóteses de ganhar.
A possível vitória de Trump, ainda que improvável, pode depender do resultado do Estado da Pensilvânia. Apesar de Biden contar com uma vantagem de quase 5 pontos percentuais neste Estado, uma vitória imprevisível (mas não inédita) de Trump pode traduzir-se numa volta de 180 graus nas contas das sondagens, como explica o especialista Nate Silver.
A importância do Estado da Pensilvânia
De acordo com as contas do Five Thirty Eight, Trump tem uma probabilidade de 3% de ganhar o voto popular, enquanto o modelo do Economist lhe dá apenas 1% de hipóteses de ter mais votos que Biden. Contudo, para ganhar as eleições presidenciais, não interessa ter mais votos, mas sim segurar os 270 votos do Colégio Eleitoral, distribuídos pelos Estados americanos – como Trump fez em 2016.
Há um Estado que se afigura decisivo nessas contas: a Pensilvânia. Este Estado, que conta com 20 “Grandes Eleitores”, pode ser um indicador do desfecho final das eleições presidenciais. O modelo da Five Thirty Eight prevê uma vitória de Biden por 4,7 pontos percentuais – uma diferença que, apesar de ser sólida, não é inquebrável. Se, como em 2016, as sondagens estiverem erradas, pode ser uma corrida muito renhida.
O que acontece se Biden perde na Pensilvânia?
No caso de Biden perder a Pensilvânia, alguns Estados podem funcionar como “Plano B” para o candidato do Partido Democrata – o Arizona, a Carolina do Norte, a Florida ou a Geórgia. No entanto, a previsão de vitória de Biden em cada um destes Estados varia entre 1 e 3 pontos percentuais – o que não é uma vantagem particularmente confortável, tendo em conta as margens de erro das sondagens. A partir daí, o caminho de Biden pode tornar-se rapidamente muito escorregadio.
Por outro lado, uma derrota de Biden na Pensilvânia poderia significar que as sondagens têm erros de cálculo profundos, neste caso superiores a 5%. Se isso se verificar, o resultado da Pensilvânia não deverá ser o único a afetado. Esse erro pode estender-se e a outros Estados em que Biden está à frente.
Assim, se Biden perde a Pensilvânia, o Democrata pode também deixar de ser favorito na Geórgia e Florida – e Trump pode voltar a ultrapassar as previsões das sondagens, como fez há quatro anos, quando enfrentou Hillary Clinton.
À conquista do Estado-chave
A equipa de Donald Trump está ciente que o Estado da Pensilvânia pode ser decisivo para o desfecho das eleições. Por essa razão, no sábado Trump realizou quatro comícios neste Estado, numa tentativa de segurar os vinte votos do Colégio Eleitoral ao “cair do pano.”
Por outro lado, também Biden está a apostar no Estado do nordeste dos EUA. Ontem, encerrou a sua campanha presidencial na Pensilvânia – que também é o seu Estado natal. O candidato Democrata voltou ao local onde tinha iniciado a sua campanha, há 19 meses.
Ao contrário de outros Estados, que começaram a verificar e contar os seus votos por correio antecipadamente, os votos por correio do Estado da Pensilvânia só começam a ser contados hoje. Por essa razão, é altamente improvável que todos sejam contados na noite eleitoral.
Se a eleição acabar por ser renhida e a Pensilvânia for tão decisiva como indicam as sondagens, poderemos ter de esperar vários dias para saber quem é o futuro presidente dos EUA.