Na rede social x (antigo Twitter), o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Israel Katz, anunciou que convocou o embaixador do Brasil em Israel para Yad Vashem, local simbólico que guarda a memória da ação dos nazis alemães contra o povo judeu, que causou o extermínio de cerca de seis milhões de judeus na Segunda Guerra Mundial.
“A comparação do Presidente do Brasil, @LulaOficial, entre a guerra justa de Israel contra o Hamas e as ações de Hitler e dos nazis, que exterminaram seis milhões de judeus, é um grave ataque antissemita que profana a memória dos que foram mortos no Holocausto”, escreveu Katz.
“Não perdoaremos, nem esqueceremos – em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel, declarei o Presidente Lula ‘persona non grata’ em Israel até que ele se desculpe e reconsidere as suas palavras”, acrescentou.
O termo ‘persona non grata’ é um instrumento jurídico utilizado nas relações internacionais para indicar que um representante oficial estrangeiro não é mais bem-vindo.
Falando aos jornalistas na cimeira da União Africana na Etiópia no fim de semana, Lula da Silva disse que “o que está a acontecer na Faixa de Gaza e com o povo palestiniano nunca foi visto em nenhum outro momento da história. Na verdade, aconteceu quando Hitler decidiu matar os judeus”.
O comentário atingiu um ponto sensível em Israel, um país estabelecido como um refúgio para os judeus após o Holocausto. Israel rejeita qualquer comparação entre a sua conduta na guerra em Gaza e o Holocausto.
Após a declaração, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse que os comentários de Lula da Silva “banalizaram o Holocausto” e “ultrapassaram a linha vermelha”. O governante israelita também acusou o Presidente brasileiro de ser um “antissemita virulento”.
Os comentários de Lula da Silva foram feitos depois de os líderes na cimeira da União Africana terem condenado, no sábado, a ofensiva de Israel em Gaza e apelado ao seu fim imediato.
A guerra na faixa de Gaza foi desencadeada por um ataque de 7 de outubro por militantes do movimento islâmico Hamas, que invadiram o sul de Israel e mataram cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis, e fizeram cerca de 250 reféns.
A guerra em Gaza matou pelo menos 28.985 palestinianos, a maioria mulheres e crianças, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza.
Cerca de 80% da população de Gaza foi expulsa das suas casas e um quarto enfrenta a fome.
O elevado número de mortos e os danos generalizados levaram a críticas crescentes a Israel e a apelos crescentes por um cessar-fogo.
Lula da Silva já havia dito que Israel está a cometer um genocídio em Gaza e apoiou o caso da África do Sul acusando Israel de genocídio no Tribunal Internacional de Justiça da ONU, mas no seu comentário no domingo foi a primeira vez que comparou diretamente as ações de Israel ao Holocausto.
Em janeiro, durante uma reunião com o embaixador palestiniano, Lula da Silva condenou o ataque do Hamas em 7 de outubro, que classificou de ato terrorista, mas disse que não havia justificação para o assassínio indiscriminado de civis palestinianos e pediu um cessar-fogo.
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