Rania da Jordânia condena os líderes ocidentais por apresentarem “dualidade de critérios” no conflito entre Israel e Hamas. Numa entrevista à CNN, a rainha destaca o silêncio que sente perante a morte de civis na sequência de bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza: “As pessoas de todo o Médio Oriente, incluindo a Jordânia, estão chocadas e desiludidas com a reação do mundo a esta catástrofe que se está a desenrolar.”
Neste entrevista, Rania destaca o apoio dado a Israel após o ataque do Hamas a 7 de outubro e diz que o mesmo não se sentiu com a declaração de “cerco total” a Gaza, com o bloqueio de fornecimentos vitais e com os bombardeamentos que se seguiram. “É a primeira vez na história moderna que se regista um tal sofrimento humano e o mundo nem sequer apela a um cessar-fogo”, continua, acusando o ocidente de ser “cúmplice” dos ataques a Gaza. “Estão a dizer-nos que é errado matar uma família, uma família inteira, sob a mira de uma arma, mas que não há problema em bombardeá-los até à morte? Há aqui uma duplicidade de critérios gritante”.
“Como mãe, temos visto mães palestinianas que têm de escrever os nomes dos seus filhos nas mãos – porque as hipóteses de serem bombardeados até à morte, de os seus corpos se transformarem em cadáveres são muito elevadas”, salientou, continuando: “Só quero lembrar ao mundo que as mães palestinianas amam os seus filhos tanto quanto qualquer outra mãe no mundo.”
A rainha recorda que o conflito não começou a 7 de outubro, mas que existe há 75 anos, e acredita que a população da Faixa de Gaza tem apenas duas opções: “É-lhes dada a escolher entre a expulsão ou o extermínio, entre a limpeza étnica e o genocídio.”
Quanto à solução para este conflito, Rania da Jordânia diz que a paz só acontecerá com diplomacia e não com luta armada. “Nunca poderá haver uma resolução a não ser à volta de uma mesa de negociações… Só há um caminho para isso, que é um Estado palestiniano livre, soberano e independente, vivendo lado a lado, em paz e segurança, com o Estado de Israel”.
Os últimos dados do Ministério da Saúde da Palestina em Gaza, que é controlado pelo Hamas, dizem que os ataques israelitas provocaram 6546 mortos, entre os quais 2704 crianças. Haverá 17439 feridos. Israel afirma estar a atacar o Hamas e acusa o grupo de se escudar em infraestruturas civis.