“Expressámos a nossa preocupação pelo impacto que isso vai ter no bem-estar mental e físico dos sobreviventes. Entre estes, há muitas pessoas que precisam imediatamente de assistência médica e psicológica que só está acessível em terra”, criticou a organização não governamental (ONG), em comunicado.
Primeiro, as autoridades italianas ordenaram que se desembarcassem 116 pessoas na ilha de Lampedusa.
Depois, determinaram que os outros 346 fossem repartidos por dois portos diferentes, Livorno e Marina di Carrara, um a sul e outro a norte da região da Toscânia, no centro do país, a vários dias de navegação da zona onde foram resgatados.
“Não se deu qualquer explicação sobre a decisão de deixar as pessoas em dois portos diferentes”, apontou a MSF.
“Não encontramos qualquer motivo razoável para enviar o Geo Barents de porto em porto com sobreviventes a bordo. Isto apenas aumenta os dias de navegação, o tempo que passam a bordo e diminui as possibilidades de estar no mar resgatar quando for necessário”, acrescentou.
Entre os passageiros a bordo do Geo Barents há, pelo menos, 74 mulheres, 77 menores não acompanhados, 20 menores de 13 anos e dois bebés.
A indicação de portos longínquos, por vezes a vários dias de navegação, é uma prática habitual do governo de Giorgia Meloni, que também impede que os navios humanitários completem mais de um resgate por travessia, o que já motivou penalizações a várias ONG.
Entretanto, estão a chegar diariamente, em termos médios, cerca de mil migrantes por dia, à ilha de Lampedusa.
Na sua maioria, os migrantes saíram de Sfax, na costa tunisina, e são originários de Benim, Costa do Marfim, Burkina Faso, Camarões, Gâmbia, Mali, Guiné, Senegal e Nigéria.
O Ministério do Interior italiano quantifica os migrantes chegados este ano ao país, com referência a até 18 de julho, em 79.751, que comparam com 33.548 do mesmo período do ano passado.
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