Hadis Najafi, uma jovem de 20 anos de origem turca, é uma das cerca de 50 vítimas mortais provocadas pela repressão das autoridades aos protestos que se estendem já por 80 localidades do Irão. Ela tornou-se um dos símbolos das manifestações contra o regime que decorrem há uma semana, na sequência da morte de outra jovem, Mahsa Amini, detida e agredida pela polícia da moralidade por não estar a usar corretamente o véu islâmico (Hijab).
Um dos vídeos mais populares nas redes sociais, por estes dias, sobre a situação que se vive no Irão, com milhares de pessoas nas ruas a reclamarem pela forma como as mulheres são tratadas, fez de Hadis Najafi uma protagonista. Nessas imagens, em plena manifestação, a jovem aparece de costas, sem nada a cobrir-lhe a cabeça (em violação da lei), enquanto prende o seu cabelo claro, com a ajuda de um elástico, num rabo de cavalo.
A notícia da sua morte está a difundir-se nas redes sociais e foi partilhada pela jornalista iraniano-americana Masih Alinejad, exilada nos Estados Unidos da América, que a confirmou junto da irmã de Hadis. A jovem terá sido baleada com seis tiros, no cara, no pescoço e no peito, em protestos na cidade de Karaj, nos arredores da capital Teerão.
Nos últimos dias, as mulheres iranianas, apoiadas por um número significativo de homens, têm liderado uma revolta social contra a república islâmica, queimando lenços em fogueiras ateadas nas ruas e entoando cânticos contra o regime clerical.
Em resposta, as autoridades têm utilizado gás lacrimogéneo para dispersar a população e há relatos de tiros disparados indiscriminadamente com o mesmo objetivo. Não é ainda claro se Hadis Najafi foi apanhada por algumas dessas balas aleatórias ou se era um alvo definido pelas autoridades, dada a sua popularidade nas redes sociais.
A revolta popular foi desencadeada pela morte de Mahsa Amini, 22 anos, que morreu na sexta-feira, dia 16, no hospital, onde chegou três dias antes já em estado de coma, depois de ter sido detida pela polícia da moralidade iraniana.