O alerta foi feito, esta quarta-feira, pela People’s Vaccine Alliance e coloca em contraste o acesso à vacinação por parte dos estados com diferentes níveis de rendimento. O estudo revela que quase 70 países em desenvolvimento só serão capazes de vacinar uma em cada dez pessoas contra o coronavírus. No lado oposto, o Canadá, por exemplo, está a garantir uma média de cinco doses por pessoa.
De acordo com a SkyNews, o relatório conclui “que todas as doses da vacina Moderna foram compradas por países ricos, assim como 96% das doses da Pfizer”. Isto significa que “apenas 14% da população mundial comprou 53% das vacinas mais promissoras”. Segundo a Amnistia Internacional, que ajudou na realização do relatório, os estados mais abastados estão a assegurar vacinas mais do que suficientes para administrar nas respetivas populações- até três vezes. É expectável que apenas 18% da população mundial seja vacinada no próximo ano, alerta.
“Ninguém deve ser impedido de receber uma vacina que salva vidas por causa do país em que vive ou da quantidade de dinheiro no seu bolso. Mas, a menos que algo mude drasticamente, milhares de milhões de pessoas em todo o mundo não receberão uma vacina segura e eficaz para a Covid-19 nos próximos anos”, explica Anna Marriott, gerente de políticas de saúde da Oxfam. Na lista de países que poderão ficar para trás destacam-se o Quénia, Myanmar, Nigéria, Paquistão e Ucrânia. Em conjunto, estes territórios representam cerca de 1500 milhões de casos.
“A acumulação de vacinas mina ativamente os esforços globais para garantir que todos, em qualquer lugar, possam ser protegidos da Covid-19”, diz Stephen Cockburn, chefe de justiça económica e social da Amnistia Internacional. Acrescenta ainda que os países ricos têm a responsabilidade “de cooperar e fornecer assistência aos países (pobres) que necessitem” da vacina.
A People’s Vaccine Alliance é um grupo de organizações e ativistas globais. Esta iniciativa surge com a vontade e objetivo de tornar as vacinas “gratuitas para as pessoas”, “impedir monopólios”, “implementar uma distribuição justa que priorize os profissionais de saúde e outros grupos de risco em todos os países” e “assegurar a plena participação dos governos dos países em desenvolvimento, bem como da sociedade civil do norte e do sul, nos fóruns de tomada de decisão sobre as vacinas”.
O estudo contou ainda com a participação de associações como a Amnistia Internacional, Frontline AIDS, Global Justice Now e a Oxfam. Foram utilizados dados recolhidos pela empresa de informação científica e analítica Airfinity de forma a analisar os acordos feitos entre os diferentes países e as oito principais vacinas.