A peregrinação ao Santuário do Senhor de Qoylluriti (que significa neve brilhante) é uma das mais importantes celebrações religiosas realizada nos Andes, Peru, e envolve milhares de fiéis de vários pontos do país.
Esta peregrinação decorre anualmente, 58 dias depois da celebração do Domingo de Páscoa e uma semana antes do Corpo de Cristo, terminando um dia antes desta celebração religiosa. Decorre no distrito de Ocongate, na província Quispicanch, uma das 13 províncias da região de Cusco, e costuma juntar cerca de 90 mil peregrinos.
Os peregrinos oriundos de Cusco, Arequipa, Huancavelica, Ayacucho e Bolívia são divididos em 8 grandes grupos denominados “nações”.
A dança é o elemento principal desta peregrinação. Cada “nação” apresenta um conjunto de danças e cada uma delas, lideradas por um “capitão”, é exibida no espaço do santuário; no conjunto são apresentadas cerca de 100 danças.
Os dançarinos tradicionais são os ‘chunchus’ e os ‘qollas’ que representam, respectivamente, os habitantes da floresta amazónica e os pastores de alpacas e lamas das regiões mais elevadas da cordilheira.
Os ‘pablitos’ ou ‘pabluchas’, também chamados de ‘ukukos’ são as figuras zoomórficas encarregues de manter a ordem entre os peregrinos.
O percurso até ao cume de Ocongate é iniciado em Mahuayani e termina Sinakara, num total de 8 km para cada lado, a 5000 metros acima do nível do mar e com temperaturas negativas.
Esta festividade mostra o caráter peculiar da religiosidade dos Andes, na qual a origem pré-hispânica é combinada com a religião católica trazida pelos conquistadores espanhóis no século XVI.
Ocongate é um local de peregrinação onde o topo da montanha e o sol são adorados desde a época pré-hispânica. Os elementos da natureza são considerados sagrados e Cristo é o símbolo central dos rituais, contudo, a essência das celebrações concentra-se na união do Homem com a Natureza.
A subida anual às montanhas -“apus” – eterniza a lenda da aparição Jesus Cristo crucificado a uma altitude de 4750 metros, local onde, segundo a lenda, foi sepultado debaixo da rocha a testemunha da aparição, um rapaz-pastor chamado Marianito Mayta.
A peregrinação inclui procissões, uma delas de 24 horas, nas quais, pelo percurso montanhoso, são transportadas cruzes. A população das regiões Paucartambo e Quispicanchi carrega imagens do Lord de Tayancani e da Virgem de luto até à aldeia de Tayancani. Até lá, pausam 5 vezes em pontos pré-determinados e à chegada ajoelham-se junto às imagens católicas saudando os primeiros raios do Sol ‘pai’.
Ao longo da peregrinação, além dos grupos de dança e músicos, decorre também a simbólica feira de Alacitas, na qual são vendidos pequenos artigos de artesanato.