No espaço de um mês, os preços da gasolina e do gasóleo aumentaram três vezes. Mas já antes tinham começado os protestos e falava-se de filas para irem abastecer em Espanha. O que, aliás, acontece há muito tempo.
No fim de semana, o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, colheu tempestades – ou, usando outra expressão popular, deitou gasolina na fogueira – ao apelar aos portugueses para, num gesto cívico, não irem abastecer-se a Espanha. Os protestos mais sonoros a viram das empresas do setor dos transportes, que, ao lado dos automobilistas serão os principais lesados.
Segundo o Eurostat, Portugal tem a carga fiscal mais elevada da União Europeia sobre os combustíveis, o que faz com que os preços sejam tão altos.
A disparidade em relação a Espanha poderá alegrar o turista português em terras espanholas, mas tem um efeito nefasto sobre as contas de empresas cuja atividade depende dos combustíveis.
A diferença é mesmo vista pelo presidente da Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas, António Comprido, como “um fator de perturbação do mercado português, com claros prejuízos para a economia”.
Olhando as coisas sob o prisma do Governo, os portugueses estão a pagar um dos preços mais baixos dos últimos anos por cada litro de combustível. O problema é que, na última meia década, a disparidade entre os preços espanhóis e portugueses aumentou em três cêntimos em cada litro de gasóleo e em um cêntimo em cada de gasolina.
Caldeira Cabral reiterou, entretanto, a sua disponibilidade para encontrar com as empresas transportadoras uma solução para fazer face à escalada do preço dos combustíveis.