Alexandre Homem Cristo, 39 anos, acompanhou na primeira fila do auditório da Fundação Gulbenkian, em Lisboa, a festa final de “Miúdos a Votos: Quais os Livros Mais Fixes”.
A iniciativa, uma parceria entre a VISÃO Júnior e Rede de Bibliotecas Escolares, é para o Secretário de Estado Adjunto e da Educação mais do que uma festa à volta dos livros, mas uma “festa da cidadania.”
Nesta 8.ª edição, os convidados foram desafiados a trazer um livro que, para si, simbolizasse a liberdade, tema da festa final de “Miúdos a Votos”. Quando subiu ao palco, Alexandre Homem Cristo sugeriu aos alunos presentes O Ratinho e o Muro Vermelho, de Britta Teckentrup (Editora Edicare), livro que costuma ler à sua filha de 8 anos, e que suscitou muita curiosidade.
No intervalo, continuou à conversa com os mais novos no foyer, onde se encontrava uma equipa da Rádio Miúdos, parceira desta iniciativa. A VISÃO Júnior e os jovens repórteres partilharam então um momento de perguntas e respostas.
Com o ano letivo a terminar, as polémicas sobre o uso de manuais escolares digitais ou em papel nas aulas, bem como a realização de exames e provas de aferição com papel e caneta ou no computador mantêm-se. Por isso, quisemos saber a opinião do Secretário de Estado Adjunto e da Educação sobre a importância do papel.
“Temos que ser equilibrados. O papel tem espaço e continua a ser um privilégio. Quando olhamos para os alunos mais novos, toda a evidência aponta para que, de facto, faça muita diferença, sobretudo para os alunos do 1.º ciclo. Principalmente nos dois primeiros anos do 1.º ciclo recomendo, vivamente, que continuem a manusear os livros escolares. É muito importante, ajuda à concentração, a ter um foco na leitura.”
Mas o digital é o futuro.
Temos que fazer um exercício de equilíbrio, entre a leitura que gostamos mais, a leitura longa, em que o papel, na minha opinião, continua a ser o melhor formato. Mas, se calhar, para a leitura de consulta, para estudarmos durante um período mais curto, o digital já me parece uma solução viável, sobretudo, a partir do 2.º ciclo até ao secundário.
Quais são os projetos do atual governo para promover a leitura e dar maior destaque aos livros?
Temos como objetivo melhorar a condição de aprendizagem dos nossos alunos. Temos que ter um foco na leitura, sobretudo, nos dois primeiros anos de escolaridade. Vamos dar mais ferramentas às escolas para poderem apoiar os alunos na aquisição da capacidade de leitura, precisamente porque sabemos que é um momento decisivo na sua formação.
Se um aluno não tiver a leitura incutida nas suas rotinas, a sua probabilidade de sucesso escolar fica de certo modo limitada.
Quais são os livros que mais gosta?
Além dos livros que leio à minha filha, gosto muito de banda desenhada, do Tintim, do Blake & Mortimer, gosto muito de BD japonesa, algumas coisas que vou descobrindo agora, recomendações das minhas afilhadas mais novas.
No dia a dia, continua a ter tempo para ler?
Leio mais banda desenhada, porque preciso de uma leitura mais agradável e menos relacionada com o meu trabalho.
Qual o seu livro preferido?
Não tenho um livro preferido, mas tenho livros que me marcaram muito, alguns relacionados com o trabalho, e outros que vou chamar de romances. Gosto muito de 1984, de George Orwell, um livro associado à política. Também gosto de peças de teatro, como as do francês Molière, que li quando era mais novo e que sempre achei engraçadas. Confesso que talvez há 20 anos que não agarro num livro desses, mas lembro-me das cenas todas porque foram muito marcantes.