“O facto de termos conseguido uma declaração fecha com chave de ouro a participação de Portugal na COP, mas dá-nos também uma perspetiva de esperança, que é muito necessária na política climática”, disse Duarte Cordeiro, no Dubai.
As declarações, à agência Lusa, surgem, após ter sido conseguido um acordo para desbloquear as negociações sobre o clima no Dubai, apelando ao abandono dos combustíveis fósseis, para alcançar a neutralidade carbónica até 2050.
Duarte Cordeiro afirmou que esta declaração, “do ponto de vista daquilo que é o texto e a sua ambição”, está “muito mais em linha” com o que diz a ciência, com uma linguagem “do fim dos fósseis”.
O governante destacou o facto de, no que diz respeito ao fim dos subsídios fósseis, ter sido retirada do texto inicial “alguma da linguagem que abria alçapões para a sua utilização”, tendo o texto sido alinhado “com aquilo que era o mandato da União Europeia”.
Reconheceu que não é exatamente o que a União Europeia queria, mas “é um compromisso” e destacou a consagração, na declaração, de compromissos relativamente aos oceanos:
O ministro realçou que para Portugal “foi importante” que a declaração consagrasse “aspetos relativos aos oceanos”.
“Sem a consagração internacional dos oceanos, depois, nós não conseguimos fazer migrar para os planos nacionais o impacto que os oceanos podem ter, desde logo na capa na captura de carbono”, referiu.
Já a secretária de Estado da Energia, Ana Fontoura Gouveia, considerou que o dia de hoje é “muito feliz”.
“Na verdade, 30 anos depois, 28 COP depois, começámos finalmente o fim dos combustíveis fósseis e, por isso, temos de estar muito contentes por termos conseguido que 197 países decidissem em conjunto, por unanimidade, começar este caminho de afastamento dos combustíveis fósseis e também dotar os países mais vulneráveis, que estão mais expostos às alterações climáticas, dos meios para se defenderem, para se protegerem e para assegurarem a qualidade de vida dos seus cidadãos”, afirmou a governante.
A presidência da COP28, a cargo dos Emirados Árabes Unidos (EAU), propôs hoje um novo acordo para desbloquear as negociações sobre o clima no Dubai.
O documento, com publicação aguardada durante toda a noite pelos negociadores desta Conferência da ONU sobre Alterações Climáticas (COP28), propõe, pela primeira vez na história destes encontros, mencionar todos os combustíveis fósseis, principais responsáveis pelas alterações climáticas, numa decisão a adotar por todos os países.
O texto apela à “transição dos combustíveis fósseis nos sistemas energéticos, de forma justa, ordenada e equitativa, acelerando a ação nesta década crucial, a fim de alcançar a neutralidade de carbono em 2050 em acordo com recomendações científicas”.
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