“Sem futuro não há paz! Sem futuro não há paz!” Foi com estas palavras que duas ativistas se aproximaram do palco onde se encontrava o ministro do Ambiente e da Ação Climática e lançaram na sua direção objetos com tinta verde. Duarte Cordeiro, atingido duas vezes, respondeu com um sorriso, enquanto dizia “faz parte”. As ativistas foram rapidamente controladas e depois levadas pela polícia para serem identificadas.
O ministro estava naquele momento a ser entrevistado pelo jornalista Pedro Santos Guerreiro, diretor-executivo da CNN Portugal, numa conferência organizada pela estação de televisão com o apoio da EDP e da Galp – apoio esse que e dado como justificação para este ataque. “O evento foi patrocinado pela Galp e pela EDP. A sério? O nosso futuro não e um negócio. A Galp e a EDP não querem saber da transição justa. Nós somos a última geração que pode lutar contra o caos climático. O ministro do Ambiente acabou de provar que nao quer saber da transição justa”, gritaram as ativistas, enquanto eram levadas para fora do recinto.
Outros ativistas presentes na sala filmaram o protesto e publicaram o vídeo no canal de Telegram “Primavera das Ocupas: Fim ao Fóssil”.
Em comunicado titulado “ESTUDANTES PELO FIM AO FÓSSIL ATIRAM OVOS AO MINISTRO DO AMBIENTE”, enviado poucos minutos após a ação e claramente preparado com antecedência, uma porta-voz do grupo, Matilde Ventura, acusa a conferência de ser “uma fachada para limpar a imagem das empresas que em Portugal estão a lucrar com as crises climática e de custo de vida”. “O Ministro provou com a sua presença que prefere compactuar com os criminosos que nos estão a levar para o colapso do que garantir que nós, jovens que nascemos em crise climática, temos um futuro.”
O grupo promete “não dar paz ao governo até que se comprometa a que este inverno seja o último em que é usado gás metano para produzir eletricidade”, para atingir “eletricidade 100% renovável e acessível até 2025 e o fim aos combustíveis fósseis até 2030”. Garante ainda que vão regressar com “uma onda de ações pelo fim ao fóssil a partir de 13 de Novembro, com ocupações nas escolas e ‘perturbação do normal funcionamento das instituições'”.
Apesar de manchado de verde na cara e na roupa, o ministro não quis cancelar a entrevista. “Vamos continuar, Pedro? Acho que devemos continuar.” Acabou por haver uma pausa para Duarte Cordeiro trocar de roupa.