O setor das Tecnologias de Informação (TI) em Portugal continua a crescer e registou um balanço positivo no primeiro semestre de 2024, no qual se destaca o aumento no investimento e nas contratações de pessoas qualificadas. As áreas de desenvolvimento de software, cibersegurança e análise de dados foram as mais beneficiadas. No entanto, a escassez de talentos qualificados continua a ser um desafio crucial para as empresas que pretendem aumentar as próprias equipas.
Segundo dados da International Data Corporation (IDC) Portugal, a Inteligência Artificial (IA) é a área que regista maior falta de profissionais. A procura neste setor deverá crescer mais de 20% ao ano, entre 2024 e 2026. Gabriel Coimbra, diretor-geral da IDC Portugal, sublinha que “a escassez de talento qualificado, especialmente nas áreas de IA, análise de dados, cibersegurança e desenvolvimento de software, é uma das principais barreiras ao crescimento do setor em Portugal”.
A IDC projeta um aumento de 11% na procura por profissionais de análise de dados, 10% em cibersegurança e 8% em desenvolvimento de software. Para enfrentar este cenário, a IDC recomenda intervenções a dois níveis. A nível macro, é essencial melhorar o contexto fiscal para reter talentos nacionais e atrair talentos internacionais, com programas como o Tech Visa. O fortalecimento do sistema de ensino e formação, tanto público como privado, é igualmente importante.
No nível micro, as empresas devem investir em formação contínua, criar ambientes de trabalho flexíveis e oferecer salários e benefícios competitivos. “É essencial haver uma abordagem estratégica para enfrentar os desafios de retenção e captação de talento, garantindo que Portugal continua a ser competitivo no cenário global de Tecnologias de Informação”, afirma Gabriel Coimbra.
Investimento em tecnologia aumenta
A IDC Portugal estima que o investimento total em tecnologia e telecomunicações deverá aumentar 6,9% em 2024, totalizando 13,9 mil milhões de euros. Esse crescimento é impulsionado pela migração para a cloud, modernização das infraestruturas tecnológicas, cibersegurança e o crescente interesse em Inteligência Artificial e Big Data.
Gabriel Coimbra destaca que “a necessidade de modernizar processos, canais e modelos de negócio para manter as organizações competitivas numa economia digital é um fator crucial”. A IA Generativa, está a emergir como um acelerador importante de investimento, com as empresas portuguesas a investirem cerca de 79,8 milhões de euros este ano, um aumento de 33,4% em relação a 2023.
O mercado de Cloud (nuvem, em tradução livre) em Portugal também está a crescer rapidamente, com um aumento previsto de mais de 20%, enquanto o setor de cibersegurança deve crescer mais de 15%.
Estas previsões estão a ser partilhadas pela IDC, no Centro de Congressos do Estoril, num evento que decorreu nesta quarta e quinta-feira.