Ainda há discussões sobre o que terá atingido a Terra – se um asteroide com mais de 10 quilómetros de diâmetro, um conjunto de pequenos asteroides ou um fragmento de um cometa. O que é certo é que uma violenta colisão na região da península de Yucatán, no México, levou à extinção de três quartos de todas as formas de vida (93% de todos os mamíferos e vida marinha da Terra), dizimando também os dinossauros. Nos dias de hoje, há várias equipas multidisciplinares a tentar perceber o que se passou na Terra nos momentos que se seguiram a esta colisão.
Na Universidade do Michigan, EUA, uma equipa produziu simulações globais dos tsunamis que afetaram o planeta depois do impacto, recorrendo também a análises geológicas de 120 locais no mundo. As simulações modelam um asteroide de 14 quilómetros de diâmetro a viajar a 43.200 km/h e a embater numa crosta granítica com sedimentos grossos e um oceano raso.
Nos primeiros três minutos a seguir à colisão, ergueu-se uma parede de 4,5 quilómetros de altura com o material ejetado e que se projeta rapidamente. Passados dez minutos, forma-se um tsunami em forma de anel com mais de 1,5 quilómetros de altura. Ao fim de 60 minutos, o tsunami passa o Golfo do México para o Atlântico Norte e atinge o Pacífico ao cabo de quatro horas. Com um dia passado sobre a colisão, as ondas já deram a volta ao planeta, encontrando o Índico dos dois lado.
A equipa analisou os sedimentos depositados e que datam da altura do Cretáceo, para descobrir que vários locais apresentam fronteiras interrompidas no Atlântico Norte e Pacífico Sul, o que indicia que foram as zonas mais atingidas por este fenómeno, noticia o New Atlas.
Uma segunda equipa de investigadores, liderada pelo geólogo Hermann Bermudéz, analisou o solo e minerais encontrados na ilha de Gorgonilla, na Colômbia, a cerca de três mil quilómetros do local do impacto. As camadas de lama e areia mostram sinais de deformação que o geólogo atribui aos terramotos que se seguiram imediatamente ao impacto.
Os investigadores encontraram ainda pequenas contas de vidro que evidenciam que os tremores continuaram durante mais tempo, com uma camada destas contas a ter-se formado apenas nas semanas ou meses seguintes. Como também as contas mostram sinais de deformação, Bermudéz concluiu que os terramotos continuaram a assolar a Terra muito depois da colisão do asteroide.
O especialista estima que o terramoto original libertou 10^23 joules de energia, ou cerca de 50 mil vezes mais do que o terramoto de magnitude 9,1 que atingiu o oceano Índico em 2004.
Veja o vídeo que os investigadores do primeiro estudo divulgaram: