As ESG Talks têm o apoio do novobanco
“Todas as pessoas sabem que isto é um tema, mas depois não o executam”. As palavras são de Miguel Pina Martins, CEO da Science4You, empresa de brinquedos educativos e jogos didáticos, durante um painel sobre “A Governação das PME e nas Empresas Familiares”, que decorreu na Nova SBE, em Carcavelos, encerrando o 2º ciclo das ESG Talks, uma iniciativa do novobanco, organizada pela VISÃO e pela Exame em parceria com a PwC e a Nova SBE.
O “tema” de que fala Miguel Pina Martins é o ‘Governance’ (ou Governação), precisamente a última letra das ESG Talks, que tem sido, por vezes, esquecido nas empresas.
Boa “Governance” é ter uma estrutura organizacional e de governo robusta, uma gestão profissionalizada e processos de decisão bem definidos ou seja, um conjunto de regras e condutas que enquadram e orientam a organização, a administração e o controlo das empresas.
Durante a discussão do painel que contou, além do CEO da Science4You, com António Carlos Rodrigues, CEO do Grupo Casais, do setor da construção, e de Pedro Ginjeira do Nascimento, secretário-geral da Associação Business Roundtable Portugal, constituída por grandes grupos empresariais, com moderação de Tiago Freire, diretor da Exame, falou-se da importância da de ter estruturas de gestão e processos de decisão bem definidos, seja nas Pequenas e Médias Empresas (PME), seja nas empresas de cunho familiar, que enfrentam desafios específicos.
Miguel Pina Martins é da opinião de que, nas PMEs, “não há uma profissionalização tão grande como deveria existir”. Como é que isso se combate? A resposta do executivo foi lapidar: “só formando as pessoas”. Sendo que “é preciso” transmitir essa ambição aos empreendedores.
Quando lançou a Science4You a “criação de uma rede de decisão” foi fundamental, tendo tido ajuda profissional para o fazer. Hoje, diz que a empresa conseguiu, por isso, “arranjar uma forma eficaz de crescer”.
Já a experiência de António Carlos Rodrigues, CEO do Grupo Casais, é diferente em termos de contexto, mas não na ambição. Por ser um empresa familiar – “na segunda geração todos trabalhávamos na empresa. Agora estamos na terceira, somos 12, e alguns têm outras atividades” – houve, também, que organizar a estrutura de gestão. “Criámos três áreas independentes na empresa, estruturámos o ‘Governance’”. O Grupo Casais, avança, “não tem uma forma de funcionamento centralizada, nem descentralizada, mas sim distribuída” de forma geográfica. Para António Carlos Rodrigues, o sucesso da empresa também se deve à base organizativa. A questão dos modelos de governação ganha ainda mais importância nas empresas familiares, uma vez que é neles que assenta a divisão e a colaboração entre duas entidades: a empresa e a família que detém o capital, e que pode ou não estar na gestão.
Já no caso das PME, a questão é outra, porque a sua reduzida dimensão não lhe permite nem justifica a implementação de modelos de governance muito sofisticados e pesados. No entanto, o estabelecimento de procedimentos (internos e externos) claros e definidos, e uma gestão o mais profissionalizada possível – nalguns casos conseguindo até incorporar administradores independentes – é uma mais-valia. Mais, a boa governação é um tema de todas as empresas, de todas as dimensões. O que varia é a necessidade e os meios, e com isso o grau de sofisticação dos modelos e práticas adotadas.
A não existência de ‘Governance’ é, para Pedro Ginjeira do Nascimento, a “principal razão da falta de produtividade” de algumas empresas. “As grandes empresas pesam 29% do PIB”, diz, considerando pouco, “devíamos ter mais grandes empresas”. Este é, aliás, o grande “cavalo de batalha” da associação Business Roundtable Portugal, que quer ajudar as empresas a saltar para as divisões seguintes, em termos de dimensão.
E, por ter sido detetado em vários estudos uma lacuna grande do governance nas PME, a associação criou o programa Metamorfose, exatamente destinado a estas empersas de menor dimensão, que podem ter acesso gratuito a ferramentas que ajudam no diagnóstico e a guias e acompanhamento prático no processo de melhoria da governance, com ajuda de profissionais de grandes empresas que fazem parte da BRP.
Veja, abaixo, este painel na íntegra: