O partido Trabalhista inglês está preocupado com os casos de aborto por causa do género em minorias étnicas e pediu ao Governo para que proíba a utilização de testes sanguíneos para saber o sexo do bebé.
Naz Shah, deputada dos Trabalhistas (na oposição), e ministra sombra para as questões da igualdade, diz que o parlamento deve intervir já contra o mau uso do Non-Invasive Prenatal Test (NIPT), um teste que se faz, por exemplo, se os fetos têm síndrome de Down, mas que permite, também, saber o sexo.
O sistema nacional de saúde inglês apenas permite que este tipo de análises seja feito por razões genéticas, mas há clínicas privadas que estão a fazê-lo a grávida em troca de 170 ou 225 euros.
Além de deputada, também várias associações de caridade referem que tem havido um aumento exponencial destes testes em comunidades formadas por minorias étnicas e de abortos quando o género é feminino.
Naz Shah disse a um programa da televisão pública BBC que a preferência cultural por rapazes nalgumas comunidades, no Reino Unido, está a “levar as mulheres a adotar métodos para satisfazer as expetativas dos membros das suas famílias”.
A associação de apoio às minorias étnicas Jeena International revelou a uma investigação feita pela BBC que muitas mulheres foram forçadas a abortar porque ficaram grávidas de meninas pela segunda ou terceira vez
“Elas não querem ficar sem casa nem que o seu casamento seja um fracasso só porque não conseguem dar à luz um rapaz”, disse a diretora da associação. “Por isso, não é de estranhar que andem a fazer uma seleção de sexo através destes testes. É porque não têm escolha”, acrescentou.
O porta-voz do Departamento de Saúde diz que o “teste não é para ser usado em questões de género” e que vão “continuar atentos” aos casos que surgirem.