Na campanha para as eleições de 2024, passou-se tanto em tão pouco tempo que vale a pena recordar os últimos três meses e meio. No final de julho, o Partido Democrata conseguiu o impensável, quando Joe Biden anunciou a sua substituição pela atual vice-presidente, então ainda com 59 anos. Às vulnerabilidades e às gaffes assaz constrangedoras do Presidente octogenário sucedia-se a sua vice-presidente, uma mulher sorridente, uma procuradora de renome, filha de imigrantes, exemplo do melhor que a América tem para dar.
Mesmo após o trauma acerca do estado de saúde de Biden, a impressionante máquina dos democratas conseguiu recuperar terreno. As maiores figuras do partido, com destaque para os antigos presidentes, souberam criticar Biden e, logo de seguida, cordialmente, agradeceram-lhe os serviços prestados à pátria. “Problema” resolvido, o partido seguiu em frente para tentar derrotar Trump. Na forma, não se pode dizer que Kamala tenha falhado: soube evitar os assuntos difíceis, omitiu os temas fraturantes, mais melindrosos para o eleitorado moderado, esteve bem no debate televisivo, foi empática e distribuiu simpatia.