1. Contos Suicidas
Fernando Pinto do Amaral

Professor universitário, ensaísta e poeta, Fernando Pinto do Amaral regressa ao conto, 20 anos depois de Área de Serviço e Outras Histórias de Amor. Reunindo alguns dispersos, mas sobretudo escritos dos últimos anos, estas histórias espelham a transformação do mundo nas últimas décadas, assim com os recentes tempos sombrios. Talvez seja essa a explicação para o peso que muitas personagens carregam, apresentando-se no limite ou à beira do abismo. Algumas chegam ao momento decisivo, outras resgatam-se para uma nova vida. Como indica o título, contos sobre o suicídio, concretizado ou tentado, que revelam engenho e mestria do autor no registo curto. D. Quixote, 240 págs., €19,90
2. Filho do Pai
Hugo Gonçalves

“Quando fores pai, vais perceber.” Esta é, seguramente, uma das frases mais ditas e ouvidas entre pais e filhos. E é a partir dessa dupla condição e desse conhecimento, de ter sido filho e de ser agora pai, num momento decisivo (o da morte do progenitor e do nascimento do primeiro filho) que Hugo Gonçalves escreve o seu livro mais recente. Filho do Pai é muito mais do que o reverso de Filho da Mãe, lançado em 2019 e no qual revisita a sua orfandade materna precoce. É uma demanda ainda mais intensa da sua identidade, um jogo de espelhos em que passado e futuro se cruzam, com modelos de sociedade e educação em confronto. O autor de Revolução escava o passado e recupera páginas de um diário fragmentado para navegar entre episódios, factos, memórias e pequenas ficções. No fim, dá-nos um poderoso e inesperado retrato de um escritor enquanto homem consciente da complexidade dos afetos, das conceções de virilidade e da importância do que cada geração deixa à seguinte. Companhia das Letras, 248 págs., €16,65
3. Não Digas o que a Baiana Tem
Paulo Teixeira

Eis aquela que é, até à data, a grande surpresa editorial de 2025: o poeta Paulo Teixeira, um dos mais destacados da sua geração, revelado nos anos 80 e com poesia reunida em O Último Poeta Romano, estreia-se no romance com uma narrativa de encontros e desencontros. Não Digas o que a Baiana Tem destaca-se pela riqueza vocabular, sobretudo na agilidade dos diálogos, uma dimensão sempre muito difícil de recriar na linguagem escrita. Aqui, as falas transbordam vivacidade, tal como as personagens que cruzam os dias que Isabel, a protagonista, passa em Salvador. Jogos de sedução e equívocos numa comédia de desenganos e quimeras. Caminho, 344 págs., €19,90
4. As Histórias que nos Matam
Maria Isaac

E, de um dia para o outro, a vida de Miguel Godói muda radicalmente. No novo romance de Maria Isaac, que se apresentou ao mundo literário com uma trilogia (Onde Cantam os Grilos, O Que Dizer das Flores e Quantos Ventos na Terra), uma vida que se pensava curta transforma-se no medo de uma morte lenta. O protagonista sofre de uma epilepsia rara e o futuro avizinha-se negro, sobretudo depois de uma inesperada separação. Como nos três primeiros livros, Maria Isaac presta atenção às pequenas coisas do dia a dia que dão corpo ao que define uma existência: o amor, o infortúnio, a resiliência, a esperança. Um romance sobre as histórias que cada um constrói para si. Porto Editora, 248 págs., €17,75