A sustentabilidade tem ocupado um lugar central nas agendas social, política e empresarial, unindo esforços em torno do desenvolvimento de iniciativas e tecnologias em prol do cumprimento de metas ambientais cada vez mais necessárias e ambiciosas ao redor do globo. Um estudo recente da BCG, intitulado “Sustainability Data Is a Big Opportunity in Information Services”, espelha a crescente relevância deste fenómeno na sociedade e nas empresas ao revelar que, só no ano passado, cerca de 10 biliões de dólares em investimentos foram geridos de acordo com critérios de sustentabilidade. Além disso, nos últimos cinco anos, o investimento em sustentabilidade cresceu mais de 50%, evidenciando a transformação do setor financeiro e a sua adaptação às exigências ambientais, sociais e de governança (ESG).
O compromisso para com o atingimento de metas de neutralidade carbónica até 2050 faz da sustentabilidade um pilar incontornável para as organizações, nomeadamente para as instituições financeiras, conduzindo-as nao só a investir nas suas próprias práticas, como também no aumento de exposição dos seus portfólios a empresas sustentáveis para conseguirem fortalecer a sua posição no mercado e ganhar vantagens competitivas. A título de exemplo, 80% dos gestores de ativos colocam a sustentabilidade no topo das suas preocupações.
Apesar da sua relevância, a implementação de práticas sustentáveis nas operações empresariais não é uma tarefa simples. Cerca de 68% dos profissionais da área consideram esta integração desafiante ou extremamente desafiante e destacam como principais obstáculos a disponibilidade de informação, a elaboração de reporting e a análise da sua cadeia de valor. Este contexto revela uma necessidade clara para o desenvolvimento de soluções que facilitem a implementação e a gestão de iniciativas de sustentabilidade nas empresas.
Em concreto, as organizações que fornecem serviços de informação podem encontrar na sustentabilidade uma oportunidade lucrativa através da recolha, análise e gestão de dados de relativos aos critérios ESG das empresas. Já existe competição por uma posição neste mercado emergente, contudo há estratégias que as empresas de dados e software devem adotar para capitalizar esta oportunidade.
Primeiramente, é crucial que comecem por se focar em clientes que já conhecem, abordando diretamente os desafios de sustentabilidade que estes enfrentam, diminuindo os riscos associados a novas aquisições ou desenvolvimentos de produtos desadequados e permitindo uma adaptação mais eficaz das equipas às novas exigências.
Em segundo lugar, os prestadores de serviços de informação devem alinhar-se com um tipo específico de criação de valor dentro da sustentabilidade, identificando a proposta de valor mais relevante – seja gestão de risco, vantagens financeiras ou impacto social. Esta ação é fundamental para satisfazer as necessidades específicas de cada segmento de clientes e também para garantir que as melhores práticas sustentáveis são desenvolvidas.
Finalmente, é essencial que estas organizações antecipem o impacto das novas regulamentações, uma vez que as empresas enfrentam desafios significativos para cumprir os crescentes requisitos de conformidade. Para se anteciparem a estas obrigações, os prestadores de serviços de informação devem fortalecer a sua capacidade de monitorização e otimizar as operações internas, garantindo a transparência e combatendo
o greenwashing.
O caminho para uma economia mais sustentável está a ser traçado, mas ainda é longo, contando com vários desafios, mas também com vastas oportunidades. As empresas que souberem adaptar-se e inovar neste cenário ganharão vantagens competitivas significativas. A sustentabilidade não se trata de uma tendência passageira, mas sim de um um pilar estrutural que está a redefinir o futuro da política, da sociedade, mas também da economia e negócios. Assim, a aposta em ESG deve ser encarada como um investimento estratégico para um futuro mais próspero e ambientelmente responsável.