O “Corolário de Trump”, vertido na nova Doutrina de Segurança Nacional dos Estados Unidos, consagra uma inversão total — de 360 graus — da política externa americana e do seu lugar no mundo. Em cinco movimentos, muda tudo.
- Washington assume sem rodeios o Hemisfério Ocidental como zona exclusiva de influência estratégica. América Latina incluída. Regressa, em versão bruta, a velha “Doutrina Monroe”. Neo-imperialismo sem disfarces.
- A NATO passa a ser um incómodo. O compromisso automático de defesa da Europa (Artigo 5.º) fica politicamente esvaziado. Os aliados que paguem a sua própria segurança. Em plena guerra na Ucrânia instala-se a instabilidade estratégica. O foco desloca-se para a China. Japão e Coreia do Sul entram na mesma lógica de afastamento. Taiwan transforma-se numa simples ficha de troca.
- Cai definitivamente o mito da exportação da democracia. As relações internacionais passam a ser puramente transacionais. Os regimes autoritários ficam legitimados. A prioridade é a estabilidade: com a Rússia, com quem for.
- A migração (num país de migrados) é elevada ao patamar do terrorismo e de crime organizado. A segurança nacional passa a ser definida em termos culturais e identitários. «Coesão cultural», «valores tradicionais» e «identidade nacional» tornam-se os novos pilares do Estado securitário.
- A Europa, como continente e como projeto político, entra numa trajetória de irrelevância nos próximos 20 anos — ou menos. O declínio é demográfico, político e civilizacional. A subjugação da maioria europeia a processos não democráticos já está em marcha.
Resta uma boa notícia: já só faltam três anos para Trump sair da Casa Branca!
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