A situação que estamos a viver com a propagação epidémica do coronavírus é um desafio que temos que saber enfrentar enquanto comunidade. O maior inimigo de nós próprios é o medo, que nos leva a comportamentos irracionais e por isso a uma ação menos eficaz contra o “inimigo”.
Estamos a viver a segunda quinzena de Estado de Emergência. Foi decretado confinamento obrigatório para quem está doente com o vírus, dever especial de confinamento para as pessoas com mais de 70 anos e dever de ficar em casa e só sair para o que for estritamente necessário para todos os outros cidadãos.
A nossa capacidade de isolamento individual e afastamento social é a arma mais poderosa que temos para conter a propagação da Covid19, que neste momento tem o seu epicentro no Continente Europeu e nos Estados Unidos, com situações de grande agressividade como os casos de Itália, Espanha e alguns estados americanos em que há uma grande dificuldade dos serviços de saúde em responder ao número de pessoas infetadas.
As pessoas idosas são as que correm maior risco e a realidade das respostas residenciais para pessoas idosas, como os lares e as unidades de cuidados continuados, do setor social e do setor privado, onde temos os lares das IPSS, os privados legais, mas também uma realidade de lares ilegais que importa acompanhar para que, em Portugal, não tenhamos tragédias como as que aconteceram nos lares de idosos em Espanha.
Outro aspeto importante desta pandemia é assegurar condições de subsistência às famílias portuguesas, função que cabe ao Governo. Por um lado, garantir que são tomadas medidas de carater coletivo para impedir a propagação do vírus e diminuir o risco de um pico de contágio elevado num pequeno período de tempo, como foi o encerramento das escolas, de espaços comerciais salvo aqueles que vendem bens de primeira necessidade, de fronteiras e aeroportos, bem como o condicionamento de circulação de pessoas. Por outro lado, alavancar a proteção social dos trabalhadores, permitindo que aqueles e aquelas que têm que ficar em casa têm garantido o seu rendimento.
Também o apoio do Estado às empresas e aos trabalhadores é fundamental para a superação deste momento e a recuperação da economia pós epidemia, sendo o lay off simplificado uma poderosa arma de manutenção do emprego, assim como as linhas de financiamento e a possibilidade de moratórias que suspendam empréstimos bancários, quer a empresas quer a particulares, nomeadamente para empréstimos contraídos para aquisição de habitação.
Portugal, felizmente, tem um Serviço Nacional de Saúde. Este momento é um daqueles que nos faz compreender a vantagem social de ter um SNS universal, que responde às necessidades de saúde da população. Outros países, como os Estados Unidos, não tendo um serviço público de saúde, num momento como aquele que estamos a viver, corre riscos muito maiores de uma tragédia em grande escala, falta de resposta à população e muitas mortes por falta dessa mesma resposta.
Mas ao SNS junta-se a Segurança Social, que protege socialmente os trabalhadores que, por exemplo, no caso de terem de ficar em casa com os filhos até aos 12 anos, porque as escolas estão fechadas, manterão 66% do seu rendimento, ou no caso de terem de ficar em casa de quarentena o rendimento manter-se-á a 100%, ou ainda no caso dos trabalhadores independentes, vulgo recibos verdes, contarão com proteção tendo em conta os seus rendimentos.
Acresce ainda a resposta dos municípios e das Instituições de Solidariedade Social, através da proteção civil e das redes sociais locais. A necessidade de valer às pessoas idosas que não devem sair de casa, levando comida e medicamentos, mantendo a resposta às pessoas socialmente mais vulneráveis, com serviços de alimentação escolar para as crianças carenciadas ou garantindo as refeições à população sem-abrigo, apoiando os profissionais de saúde, as forças de segurança e os bombeiros, mantendo escolas e creches a funcionar para apoiar os seus filhos, são alguns exemplos da resposta comunitária.
Mas a par com a resposta pública, o nosso contributo enquanto cidadãos é decisivo nesta batalha, para podermos vencer a guerra e voltarmos à normalidade das nossas vidas.
Mantermo-nos confinados ao espaço da nossa casa o maior tempo possível, lavarmos as mãos com frequência várias vezes ao dia, limparmos com produtos desinfetantes as superfícies e os objetos em que tocamos, manter ao máximo a distância social recomendada, são gestos fundamentais para que, enquanto comunidade, de forma cívica e responsável, possamos fazer a nossa parte, ao lado dos que estão na linha da frente dos cuidados de saúde e de segurança, na luta para vencer esta pandemia que nos desafia enquanto comunidade.