Esta semana ficámos a saber que António Costa foi eleito para o cargo de Presidente do Conselho Europeu, o que o torna no segundo português a comandar os destinos de uma instituição europeia. O primeiro foi Durão Barroso e ocupou a presidência da Comissão Europeia.
É curioso o que os separa e o que os une. Ambos são políticos e ambos geriam os destinos do seu país imediatamente antes de irem gerir para a Europa.
O que os separa? Durão, o cherne como a mulher de então lhe chamou enquanto apelava para que o seguissem, demitiu-se da liderança do país pântano assim que surgiu a possibilidade de ser presidente da Comissão Europeia. Costa, que liderava com maioria absoluta um país (em estado caótico) que tem uma “bazuca” a entrar por tranches, demitiu-se na sequência da Operação Influencer, que começou por investigar os negócios do lítio e que, entretanto, por causas das escutas a um membro do então executivo já derivou para outros temas.
Enquanto escrevo questiono-me onde são estes dois líderes efetivamente bons e onde estão no país Portugal as suas marcas positivas? É certo que Costa demonstrou no seu primeiro governo ser bom a negociar, a gerar consensos. Mas… Justiça, Saúde, Administração Interna, Educação, só para dar quatro exemplos, estavam de rastos.
No meio deste “turbilhão” sinto que o estatuto de Costa em nada se alterou desde que se demitiu. E isso mesmo ficou claro no momento em que os líderes europeus não viram qualquer impedimento para o aceitarem como “novo homem forte” do Conselho Europeu. E nem mesmo o facto de a justiça portuguesa ter permitido dar à estampa que António Costa fora apanhado a falar sobre a demissão da presidente da TAP alteraram a trajetória – são fait divers, ou facto sem relevância criminal, apenas política. Em suma: a justiça portuguesa parece continuar a ter uma agenda política. Ou então uma agenda contra Costa. E até agora, da procuradora geral da república nem uma palavra, mesmo depois das declarações da ministra da justiça desta semana.
Enquanto espero para ver como será a liderança do Conselho Europeu fico com uma certeza: a diplomacia portuguesa está, uma vez mais, de Parabéns. E há pelo menos um português, que já ganhou o Europeu, pelo menos o conselho.
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