A Microsoft Portugal juntou no evento Microsoft AI Tour, que decorreu nesta quinta-feira, em Lisboa, muitos dos parceiros com quem tem estado a trabalhar na área da Inteligência Artificial. O objetivo? Mostrar como os sistemas avançados de IA já estão a ser utilizados dentro de algumas das maiores empresas portuguesas e, com isso, inspirar outras empresas a apostar na tecnologia.
Um dos principais exemplos de utilização foi dado pela retalhista Worten, que está a transformar o atendimento ao cliente com Inteligência Artificial (IA). O propósito passa por tornar o suporte mais ágil e eficiente, utilizando assistentes digitais – que já estão em funcionamento há alguns meses – para atender clientes através de chats e chamadas de voz. No entanto, a empresa pretende expandir significativamente as suas capacidades de automação nos próximos anos.
Segundo Luís Ferreira, diretor de atendimento ao cliente e centros de contacto da Worten, esta aposta na IA já trouxe resultados concretos. “[Queremos] Ter soluções com o Copilot em cada gabinete e depois otimizar da melhor forma possível a experiência do cliente. Reduzimos em 40% o custo operacional em menos de dois anos, já com o custo da implementação da tecnologia, e subimos 45 pontos percentuais na opinião dos clientes”, afirmou no evento.
Atualmente, o bot (assistente digital) da empresa consegue responder a diversas questões e prestar suporte básico, mas a Worten pretende levá-lo mais longe. No futuro, a IA poderá, por exemplo, transferir diretamente uma chamada para um motorista quando um cliente quiser saber o estado de uma encomenda ou iniciar automaticamente um processo de pedido de reparação sem necessidade de intervenção humana.

Além de otimizar o atendimento, os sistemas que a Worten está a usar têm um papel fundamental na parte técnica do processo. Ferramentas como o Copilot e o Azure OpenAI ajudam a programar e desenvolver o código necessário para implementar estas soluções, permitindo que a empresa automatize cada vez mais tarefas e torne o suporte ao cliente mais eficiente.
A empresa vê na IA uma oportunidade para garantir um serviço mais rápido e eficaz, sem comprometer a qualidade.
IA na área financeira
Já o Novo Banco está a modernizar a gestão e utilização dos dados do negócio através de uma parceria com a Quantexa e a Microsoft. O objetivo principal é centralizar toda a informação num único sistema, eliminando barreiras entre as diversas áreas da instituição e permitindo análises mais aprofundadas com o auxílio de Inteligência Artificial (IA).
Uma das tecnologias centrais desta transformação é o Microsoft Fabric, uma plataforma que reúne todos os dados do banco, facilitando a análise, o acesso e a utilização. Assim, o Novo Banco consegue tomar decisões mais rápidas e informadas, aumentar a segurança dos dados e melhorar a eficiência das operações.
O banco está também a utilizar o Copilot Studio, uma ferramenta que permite criar assistentes virtuais personalizados. Estes assistentes ajudam a automatizar tarefas e a responder rapidamente a questões tanto de clientes como de funcionários. O Azure OpenAI também faz parte desta estratégia, incorporando modelos avançados de IA, como o ChatGPT, para gerar relatórios, realizar análises preditivas e identificar fraudes de forma eficaz.
Em declarações, durante o evento Microsoft AI Tour, sobre o impacto desta transformação, Artur Barros, chefe de integração de TI e transformação financeira do Novo Banco, sublinhou a importância da autonomia e da eficiência no processo. “A questão de termos um processo de Data Ops sem intervenção manual direta é fundamental. O único processo que exige intervenção é a aprovação do utilizador e a análise do engenheiro. Foi uma jornada que contou com alguma Inteligência Artificial e uma grande evolução da própria tecnologia”, afirmou.
Artur Barros também destacou a relevância de API (Interfaces de Programação de Aplicações) potentes para integrar estes sistemas nas operações diárias do banco. “Utilizamos as API mais potentes, que nos permitem construir interações eficientes com o Fabric. Estamos confiantes de que a evolução contínua desta estrutura vai fortalecer ainda mais o nosso trabalho”, explicou.
IA de mãos dadas com outras tecnologias
A EDP também marcou presença no evento e partilhou de que forma a IA tem sido essencial para a transição energética, integrando tecnologias avançadas como a Microsoft Intelligent Data Platform, Inteligência Artificial (IA) e Internet das Coisas (IoT). A EDP, que migrou os sistemas para a cloud, utiliza a análise de dados em tempo real para otimizar operações e melhorar a sustentabilidade.
A análise de dados desempenha um papel crucial na otimização da distribuição de energia renovável, permitindo à EDP antecipar e gerir de forma mais eficaz os recursos disponíveis. Simultaneamente, a Inteligência Artificial (IA) é utilizada para identificar padrões de consumo, ajudando a reduzir desperdícios e a melhorar a eficiência energética, ajustando os processos conforme as necessidades reais.
A parceria entre a EDP e a Microsoft incluiu a implementação de soluções baseadas em Azure OpenAI para otimizar o atendimento ao cliente. Estas soluções permitem, por exemplo, a conversão de voz em texto e a análise de sentimento nas interações, o que torna o atendimento mais rápido, eficiente e personalizado.
A colaboração entre as duas empresas também tem um impacto significativo em projetos de grande escala. Um exemplo é a expansão da capacidade de geração de energia renovável, com a instalação de painéis solares nos Estados Unidos, que aumentam em 338 MW a capacidade de produção. Esta expansão reflete o compromisso da EDP em alinhar inovação tecnológica com a promoção de práticas sustentáveis, contribuindo para um futuro mais verde e para a descarbonização da economia.