Os materiais supercondutores conseguem conduzir eletricidade sem encontrar resistência significativa. A desvantagem é que, neste momento, funcionam apenas em condições extremas, como temperaturas extremamente baixas ou de elevada pressão atmosférica. O trabalho da equipa de Hyun-Tak Kim, na Universidade William and Mary, na Virgínia, EUA, em torno do material LK-99 promete vir a mudar o mundo, uma vez que o material conseguirá, alegadamente, conduzir eletricidade com propriedades de supercondução, mas em condições ‘convencionais’ (temperatura e pressão ambiente).
O trabalho começou por misturar vários componentes em pó, como chumbo, oxigénio, enxofre e fósforo e depois reaquecer a mistura a elevadas temperaturas durante várias horas. A equipa pegou no material sólido resultante, numa amostra de um milímetro e testou a resistência à eletricidade, concluindo que havia alguma resistência em elevadas temperaturas e quase nenhuma com o material a 30 graus.
A equipa conseguiu ainda testar a resposta do material a um campo magnético, para comparar a reação com a dos supercondutores, conhecidos por expeli-los, no que é conhecido como efeito Messner. O LK-99 também flutuou acima do íman, mas só num dos lados. Kim explica que o outro lado era atraído pelo íman devido a uma imperfeição na amostra.
Sobre este material, há dois trabalhos publicados no arXiv, sem revisão dos pares, mas apenas um deles é assinado por Kim. O outro, denuncia o investigador, foi publicado sem o seu consentimento e contém “muitos defeitos”, noticia o NewScientist.
“É demasiado cedo para dizer que estamos perante evidências concretas da supercondutividade destas amostras”, referem os investigadores da Universidade de Oxford, Susannah Speller e Chris Grovenor. Outros especialistas estão igualmente céticos sobre este trabalho, levantando a dúvida de que os resultados possam ter sido obtidos devido a erros no processo experimental.
A comprovar-se a autenticidade deste trabalho e a veracidade das características alegadas, podemos estar perante uma descoberta com potencial para mudar o mundo. A equipa refere que vai continuar a trabalhar no aperfeiçoamento das amostras do material ‘milagroso’.