Os astronautas a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS na sigla em inglês) usaram a ferramenta de edição de genes CRISPR pela primeira vez no espaço. A equipa editou colónias de levedura para estudar como acontece a reparação de ADN, na expetativa de perceber melhor este processo e entender como pode contribuir para que proteger os astronautas a exposição a radiação do espaço e outras doenças que podem afetar quem passe muito tempo fora da Terra.
O projeto Genes in Space visa testar a utilização da CRISPR no espaço e perceber se a ferramenta atua de forma diferente em ambiente de microgravidade. A equipa usou o mecanismo em colónias de leveduras e comparou os resultados obtidos por equipas que fizeram o mesmo aqui na Terra, em grupos de controlo. A equipa realizou os testes e incluiu uma sequência de controlo que coloria a colónia de vermelho quando esta recuperasse de uma lesão infligida propositadamente. Ao fim de seis dias, os investigadores constataram que o tom avermelhado começou a notar-se, indicando que o procedimento foi realizado com sucesso, noticia a New Atlas..
Esta descoberta abre caminho a um processo de reparação de ADN de astronautas, no espaço, ajudando a mantê-los saudáveis mesmo em tempos prolongados sujeitos a radiação e a ausência de gravidade. Sebastian Kraves, que coordenou o estudo, refere que se conseguiu integrar tecnologias inovadoras como a edição de genoma CRISPR, PCR e sequenciação de nanoporos em ambiente extremo num fluxo de biotecnologia completamente funcional.
A ferramenta CRISPR é um dos grandes avanços da Ciência dos últimos tempos e permite edições precisas de genes, potencialmente servindo de método de ‘construção’ de curas para doenças como cancro, SIDA, diabetas ou distrofias musculares. Agora, estão dados os primeiros passos para se perceber como a ferramenta pode ajudar a contrariar os efeitos nefastos na saúde dos astronautas envolvidos em explorações espaciais prolongadas. A radiação e a baixa gravidade no espaço causam perdas de massa muscular e aumentam o risco de doenças como diabetes, do coração, cancro ou Alzheimer.