Fisioterapia feita em casa, no conforto do lar, em horário da maior conveniência e durante uma brincadeira – é esta a promessa da startup Clynx. Criada por quatro alunos do Instituto Superior Técnico, a plataforma Motiphy serve-se do ambiente gaming para criar exercícios específicos à correção de problemas músculo-esqueléticos. Todo o treino é desenhado em colaboração com uma equipa de fisioterapeutas que vão monitorizando o progresso dos pacientes à distância.
A ideia é a reabilitação poder ser feita em casa, sem que o paciente sinta que está a seguir um tratamento. “Tivemos muito cuidado a desenhar os cenários. É importante para que a experiência seja agradável e a pessoa se sinta envolvida de forma a não ter a perceção de que está a fazer fisioterapia, mas a jogar”, diz Gonçalo Chambel, licenciado em engenharia eletrotécnica e de computadores e um dos fundadores da Clynx que refere a inclusão de vozes motivacionais e música para ajudar à satisfação.
A plataforma requer a utilização de uma câmara, com sensor de profundidade, para detetar os movimentos do corpo. À medida que os exercícios vão sendo cumpridos, o programa vai avaliando a execução e sugerindo correções. Toda a informação é armazenada na plataforma, como o nível de esforço e o desempenho do paciente. “O treino pode ser monitorizado à distância pelo fisioterapeuta que é também quem faz a demonstração do equipamento”, explica Joana Pinto, engenheira biomédica e cofundadora.
O sistema já está a ser utilizado no Centro Hospitalar do Oeste, nas Caldas da Rainha, com um feedback “muito positivo”, e independente da idade, dos doentes, assegura a coordenadora da fisioterapia daquela unidade hospitalar, Leonor Adrião. “Já estávamos a planear esta parceria. A Covid só veio acelerar o processo, permitindo que doentes de risco mantenham o seu programa de fisioterapia sem terem necessidade de sair de casa”, diz a fisioterapeuta, grande entusiasta da plataforma. Neste momento, a Motiphy está a ser usada pelo segundo lote de dez doentes.
Para já, os exercícios estão desenhados para a reabilitação da patologia do ombro – uma das mais comuns – mas a intenção dos dois empreendedores é expandir para articulações e até para a reabilitação de problemas neurológicos também.