O atual ciclo de taxas de juro historicamente baixas deve ser visto como uma oportunidade para as empresas, apesar de estar a ter um impacto negativo na rentabilidade da banca. A mensagem foi deixada por Paulo Macedo esta terça-feira no VII Encontro Fora da Caixa no Algarve, onde durante a intervenção de abertura disse que a Caixa Geral de Depósitos tem liquidez para “fazer bom crédito.”
“A rentabilidade tradicional da banca, ligada a depósitos, não só desapareceu como tem rentabilidade negativa. Nunca os custos financeiros na vida de nenhum dos que estão aqui presentes foram tão baixos,” afirmou o CEO da Caixa no evento do qual a VISÃO é media partner. “São as taxas de juro mais baixas dos últimos 40 ou 50 anos. Se é um problema que os bancos têm de resolver, não pode deixar de constituir oportunidade para empresas,” defendeu.
Paulo Macedo, que voltou a repetir a ideia de que a Caixa Geral de Depósitos não ficará parada perante os avanços da concorrência (comparando desta vez a Caixa a um porta-aviões que convive nas mesmas águas com estão lanchas rápidas – as fintech -, grandes tecnológicas que estão a fazer incursões no setor financeiro ou os bancos do outro lado da fronteira que constituem a “Armada Espanhola”), salientou as oportunidades criadas para o mercado pelas taxas fixas de longo prazo, transformar financiamento de curto e médio em longo prazo e a importância de partilha de informação de maior qualidade das empresas com a banca para diminuir o seu custo de financiamento.
“A Caixa tem capital, tem liquidez, quer fazer crédito, bom crédito. Deve estar presente nos desafios, nos bons projetos, que vão permitir melhorar a qualidade de vida dos portugueses e convergir com a Europa,” assegurou o presidente da comissão executiva.
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No encontro Fora da Caixa, realizado no Pavilhão do Arade, em Lagoa (e de que a VISÃO é parceiro de media), Paulo Macedo salientou o impacto e os desafios que as mudanças no ambiente, na demografia e na tecnologia estão a trazer ao negócio bancário. Alterações que no domínio tecnológico permitiram, no caso do banco público, reduzir em 75% o tempo de contratação de um crédito à habitação, realizar mais de 600 processos em tarefas rotineiras com recurso a robots e gerir 500 mil clientes à distância, exemplificou o responsável. Além de terem transformado a relação em particular com os das gerações mais recentes, que hoje dispensam a necessidade de um interface físico.
“Segundo um estudo, feito há dois anos, os jovens não vão ao balcão [do banco], preferem ir ao dentista – nem que seja por motivos estéticos. Se ir ao balcão teve glamour, perdeu todo o glamour,” sublinhou o responsável.